A Ciência sob novos ares

17/01/2023 08:35 - Fábio Guedes
Por redação
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No dia 17 de janeiro a Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou o novo Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

O CNPq foi criado há sete décadas com o simples nome de Conselho Nacional de Pesquisas, com o objetivo de reunir um grupo de especialistas e estudiosos que pudesse auxiliar o governo brasileiro sobre os grandes passos e desafios dados pela ciência mundial com a descoberta, uso e consequências da energia nuclear. Coube ao Almirante Álvaro Alberto, então representante brasileiro na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), cumprir a missão de criar e dirigir o Conselho em seus primeiros anos, atendendo ao pedido do então presidente Eurico Gaspar Dutra.

A Ministra dará posse ao cientista Ricardo Galvão, que enfrentou o negacionismo oficial e a fúria anticientífica do governo anterior. Em 2019 foi demitido do cargo de Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE quando exercia legalmente um mandato. Agora, no novo governo, reconhecidamente, assumirá a presidência da maior agência de fomento à ciência da América Latina, que foi tão maltratada durante a gestão Bolsonaro. Um belo gesto de desagravo ao que a ciência brasileira sofreu naquele momento, simbolizado pela demissão de Galvão

O CNPq conseguiu resistir porque é uma instituição quase centenária, que goza do respeito e credibilidade das sociedades científicas brasileira e internacional. A sua missão está entranhada na comunidade acadêmica do país. A possibilidade de sua extinção representaria uma ameaça de completo desmantelamento da forma de organização do fomento à ciência no país.

Também contribuiu para que o CNPq resistisse o empenho e dedicação dos seus servidores e lideranças no comando. Aqui destaco o papel do respeitado cientista, Prof. Evaldo Vilela, ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa - UFV, ex-Secretário Adjunto de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, ex-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - Fapemig e ex-Presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – Confap. O amigo Evaldo presidiu o CNPq de abril de 2020 a dezembro de 2022, um dos períodos mais difíceis da história da agência federal.

Fui vice-presidente do Confap na gestão do amigo Evaldo, lhe sucedendo logo quando foi chamado para assumir o CNPq. Sua gestão na agência não foi fácil, pois teve que lidar com os arroubos de arrogância do Ministério da Economia, que na gestão Paulo Guedes nunca enxergou a ciência brasileira como um ativo estratégico, seguindo a linha de um Chefe do Executivo que abominava o conhecimento, a educação, a cultura e o meio ambiente. 

Mas, o amigo Evaldo soube driblar os desafios, cabecear as dificuldades e dar um passe de bandeja para que o novo Presidente do CNPq, o eminente Ricardo Galvão, dê continuidade à vários programas e ações que foram construídos, mesmo com toda a sabotagem que o CNPq sofreu durante o governo Bolsonaro. Agora, o Evaldo terá muito mais tempo para apreciar o Cruzeiro E. C. que ascendeu à Série A do futebol brasileiro, assim como esperamos que a ciência brasileira siga, pois no governo Bolsonaro ficou na terceira divisão internacional.    

Sob o governo Lula, com a Ministra Luciana Santos e com o cientista Ricardo Galvão a frente do CNPq, a ciência brasileira certamente sairá do estado de inanição que sobrevivia e voltará a ter o destaque que merece à altura dos grandes desafios que o Brasil enfrenta em sua trajetória de desenvolvimento no século XXI. É o que a comunidade científica e acadêmica aguarda ansiosamente e com grande expectativa.

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