No último texto publicado neste espaço, fiz referência à criação e instalação da unidade da Embrapa Alimentos e Territórios em Alagoas. Na ocasião, comentei que, quinze anos após a interiorização da Universidade Federal de Alagoas, no contexto do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a vinda da Embrapa representa o maior avanço institucional em infraestrutura de pesquisa que o estado testemunhou.
Já existia, em terras caetés, um escritório da Embrapa, porém subordinado à unidade Tabuleiros Costeiros, localizada no estado vizinho de Sergipe.
A nova Embrapa foi criada em 29 de junho de 2018, com o objetivo de desenvolver pesquisas, avanços tecnológicos e inovação voltados para a sustentabilidade da agricultura, especialmente a familiar.
O aspecto inovador da proposta é conhecer mais profundamente as características dos sistemas agroalimentares locais, seus respectivos territórios, sua biodiversidade, e se debruçar sobre seus principais problemas e entraves na produção e no manuseio dos produtos, com vistas a solucioná-los por meio da pesquisa científica.
Conheci esse projeto em 2016, quando estava em missão na França. Na cidade de Montpellier, mais precisamente na Agropolis International — uma associação que articula diversos atores que fomentam a agricultura francesa — encontrei o pesquisador João Flávio, atual diretor da Embrapa Alimentos e Territórios. Ele me apresentou, em linhas gerais, o projeto.
Esse projeto não teria seguido adiante se não fosse uma correlação de forças políticas pouco vista em Alagoas em torno de um propósito comum. Deve-se destacar o papel do senador Renan Calheiros, que intermediou o projeto junto ao Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Agrário, então sob a condução de Kátia Abreu. Igualmente relevante foi o papel do governador Renan Filho, que abraçou a ideia desde o início e se responsabilizou pela desapropriação da área onde funcionará a infraestrutura da Embrapa. Importa também mencionar que a bancada de deputados federais da última legislatura destinou recursos, por meio de emenda parlamentar, para que a obra fosse iniciada. Além disso, muitas outras entidades e organizações da sociedade civil alagoana foram mobilizadas para apoiar o projeto.
Assim, somando recursos do governo federal, do Novo PAC, da bancada parlamentar alagoana e do governo do estado, o total investido ultrapassa 100 milhões de reais, englobando área, infraestrutura física e equipamentos.
Em 2023, com a presença de autoridades governamentais, parlamentares, gestores públicos e representantes institucionais, foi assinada a ordem de serviço que deu início à realização das obras, na localidade da Saúde, situada no bairro de Ipioca, em Maceió, numa área de mais de 16 hectares. A futura Embrapa está sendo construída sobre os escombros da antiga Companhia de Fiação e Tecidos Norte-Alagoas, e o projeto arquitetônico consegue harmonizar as estruturas históricas com a construção dos novos espaços.
Atualmente, a Embrapa Alimentos e Territórios conta com mais de 45 pesquisadores, que vêm desenvolvendo diversos projetos — inclusive com fomento do governador Paulo Dantas, por meio da Secti/Fapeal. Com esse apoio, estão em andamento iniciativas nas áreas de fruticultura, hortaliças, mandioca, soja, feijão, bioeconomia, bioinsumos, integração lavoura-pecuária-floresta, entre outras.
Sem dúvida alguma, a Embrapa Alimentos e Territórios vem se somar ao sistema alagoano de Ciência, Tecnologia e Inovação em uma perspectiva extremamente promissora. O projeto reúne todas as condições para que essa unidade de pesquisa se torne referência nacional em produção de conhecimento, desenvolvimento de novas tecnologias e promoção da inovação voltada ao homem do campo, ao agronegócio e às empresas.