A “fantasma” e o resumo da ópera

18/11/2022 13:41 - Fábio Guedes
Por redação
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Em Alagoas os principais sites de comunicação contam com importantes espaços de debate e articuladores de opinião que conseguem, em meio a esse caos generalizado de difusão de informações falsas e sem preocupações éticas, elevar o nível das discussões e manter certa racionalidade nas reflexões e avaliações das conjunturas políticas, econômicas e sociais. Falo em conjunturas porque, como dizia o historiador francês Fernand Braudel, é o tempo que engloba o caótico e ordinário cotidiano. Porém, é também importante debruçar-se nos aspectos e assuntos um pouco mais complexos, para além da análise de curto prazo, o que alguns poucos têm preocupação.

Por essas razões, sinto-me muito confortável em participar há quase uma década do site Cadaminuto, no espaço Pensata, que foi aberto com esse objetivo que falei na última frase do parágrafo anterior. No Pensata exerço com liberdade minha capacidade de escrita e pensamento, sempre estimulada pelos seus proprietários, a quem agradeço publicamente. Desse exercício, pude ao longo desse tempo publicar alguns livros e expandir reflexões para ensaios e artigos de cunho mais acadêmico. 

Como deve ser em qualquer lugar de caráter democrático e plural, no site Cadaminuto as opiniões são as mais diversas e construtivas. Mesmo discordando de algumas, em diversos momentos, nunca é demais ressaltar que todas elas são partes da construção de uma sociedade civil que no Brasil ainda precisa muito desse caminhar, com respeito e tolerância.

Faz parte desse jogo, também, os contrapontos e eles vêm quando interessam diretamente aos interlocutores, especialmente onde se observam equívocos em reflexões ou injustiças nas opiniões.  

Nesse espírito tomei a liberdade de escrever essa crítica ao ter lido o breve artigo do principal articulista do Cadaminuto, o jornalista Ricardo Mota, intitulado “Mais do que criar novas pastas, Dantas precisa ressuscitar secretarias mortas em vida”, publicado nas primeiras horas dessa manhã de sexta-feira, dia 18.11 (clique aqui).

Em três simples parágrafos e pouco mais de quatrocentos caracteres com espaço, o prestigiado jornalista destila: “Mais do que modernizar a máquina pública, criando novas secretarias e estruturas (...) o governo de Dantas precisa ressuscitar secretarias que já tiveram algum peso, mas que foram condenadas a (sic) morte ainda vivas”. Dentre essas secretarias menciona a de Ciência, Tecnologia e Inovação. 

Ora, para chegar a uma conclusão peremptória como esta seria conveniente que informações balizares e substanciais fossem trabalhadas e aferidas antes de fazer chegar à sociedade declarações assim. Isso faz parte de qualquer manual básico de um bom jornalista. Para isso, a prática profissional parece também sugerir que consultar, entrevistar e auscultar são elementos fundamentais do processo de produção das informações. 

No caso em especial, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, tida como uma “morta viva” pelo referido, a realidade objetiva não é testemunha do que foi argumentado em pouco mais de quatrocentos caracteres. 

Certamente, se pelo menos alguns dos protagonistas do sistema estadual de ciência, tecnologia e inovação fossem entrevistados sobre as políticas públicas nessas áreas, levadas a cabo pelo governo de Alagoas nos últimos quase oito anos, Mota descobriria que uma revolução silenciosa vem ocorrendo no estado, sem muita pirotecnia e com resultados objetivos e demonstráveis. Evidências não são aparências, logo não existem narrativas fantasmagóricas, tampouco por trás de quase 90 editais públicos lançados e executados desde 2015, cerca de R$ 105 milhões investidos ao longo desses sete anos e meio, tornando Alagoas o sexto estado do país em investimentos públicos em CT&I como proporção de suas receitas estadual, conforme última publicação do Índice de Inovação dos Estados, da Federação das Indústrias do Ceará, e o oitavo em esforço estadual em investimentos em CT&I, conforme o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – Confap. 

As políticas públicas de CT&I já foram responsáveis pela criação de mais de 120 empresas de base tecnológica no estado e, atualmente, no recém-inaugurado Centro de Tecnologia e Inovação instalado no Jaraguá, todos os espaços físicos estão ocupados, gerando mais de 750 empregos diretos, de elevada qualificação e nível de remuneração muito acima da média local. Uma simples visita ao local constataria isso.

Para ficar apenas em um caso mais específico de uma política de CT&I com objetivo de aproximar a massa crítica do estado às necessidades governamentais, um projeto intitulado Cálculo Automático, envolvendo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas e técnicos da Sefaz, desenvolveu uma ferramenta de inteligência artificial com capacidade de aprimorar a fiscalização e cobrança de tributos nos postos de fronteira. Somente esse projeto de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), foi responsável por elevar a receita fiscal em R$ 300 milhões/ano para o Estado de Alagoas.

Ainda, esse ano a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes, divulgou o resultado de sua avaliação quadrienal (2017-2020) dos programas de pós-graduação do país. Em Alagoas, cerca de 50% deles subiram nos conceitos de qualidade. O reconhecimento ao papel do governo de Alagoas no fomento à CT&I no estado, com consequências nesses resultados, se manifestou através de ofícios vindos de todas as Instituições de ensino superior, públicas e privadas. 

Quando o governador Renan Filho anunciou publicamente que seria candidato ao senado da República, foi em uma solenidade discreta, com a presença de todos os reitores das universidades públicas do estado. Nesse encontro, os “Magníficos” entregaram uma homenagem, aprovada em seus respectivos Conselhos Superiores, em reconhecimento a relevante e estratégica atuação do governo de Alagoas através das políticas de CT&I conduzidas pela Secretaria (morta viva?) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – Fapeal. 

Esse é apenas o resumo da ópera! O novo governo, sob a batuta de Paulo Dantas, já se comprometeu em manter o sarrafo elevado, com ações em curso, inclusive.

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