Meu Deus, que vídeo bombástico! Agora a candidatura do Paulo Dantas ao governo está acabada. Foi o que disseram por aí dezenas e dezenas de jornalistas e cientistas que entendem de política em Alagoas. Também pudera, explicaram sabichões indignados com o que ouviram. Não era pra menos, afinal o candidato do MDB, atual governador e candidato à reeleição, foi alvo de uma grave acusação feita pelo próprio pai, o moderado e sereno Luiz Dantas.

Como não entendo quase nada de quase tudo, fui na contramão desse veredito devastador. Escrevi aqui, na última terça-feira 27/09 (confiram aí) que o vídeo de Luiz Dantas era esquisitíssimo. Muito estranho basicamente por duas razões que se combinam. 

O teor das acusações fez aniversário de cinco anos, é de 2017. Durante todo esse tempo, Dantas, o pai, nada encontrou de errado na conduta de seu herdeiro. E, a segunda razão, o caso voltou bem na reta final de uma campanha eleitoral. Como assim? Alguém aí acredita nessas coincidências sobrenaturais?

O acusador apareceu no guia eleitoral do senador Rodrigo Cunha (União Brasil), adversário de Paulo Dantas na disputa pelo governo. Cunha, o rapaz de Arapiraca que se apresenta como suprassumo da ética e dos bons modos, achou normal bancar a investida de Luiz Dantas, certamente preocupado em defender o império da honestidade.

No debate da TV Gazeta, o senador Fernando Collor (PTB), também candidato ao governo, revelou que foi procurado por algumas pessoas que lhe ofereceram o mesmo vídeo. Collor garante que ouviu a proposta e recusou. Ou seja, parece que o pai zeloso fez uma espécie de leilão em busca da melhor proposta para salvar Alagoas de um terrível problema. Estou especulando.

No texto que escrevi há quase uma semana, disse que talvez estivéssemos diante de uma bala de prata bumerangue, um tiro no próprio pé. Sem querer me gabar – porque isso é muito feio – parece que a realidade está mais perto do que chutei.

É o que atestam as pesquisas. O último Ipec, divulgado na sexta-feira, mostra Paulo Dantas com 45% dos votos válidos. Pode até ganhar no primeiro turno. Cunha surge bem distante com 23%. É bem provável que esteja arrependido de ter patrocinado a “bomba”. O vídeo pode mesmo ter influência decisiva na eleição. Mas não do jeito que o bonitão arapiraquense imaginava.