O país assiste hoje ao último debate entre os candidatos a presidente, a ser transmitido pela TV Globo, mais ou menos a partir de dez e meia da noite. Logo após as aventuras do folhetim Pantanal, com seus galãs marombados, mocinhas modernosas e mulher-onça, veremos o bate-boca mais aguardado dos últimos tempos. Dizem por aí que o clima é de suspense e apreensão a pouco mais de 48 horas para o dia do voto.

Lula vai ao encontro com a missão de manter a dianteira nas pesquisas. Caso tenha um desempenho muito melhor que os demais candidatos, pode aumentar as chances de vencer a eleição em primeiro turno. Essa possibilidade se tornou mais forte nos últimos dias, justamente porque diferentes institutos de pesquisa atestaram o chamado viés de alta para ele na preferência do eleitor.

Em queda nos levantamentos, com índice de rejeição de 51% e com reprovação recorde a seu governo, Bolsonaro está desesperado. Com esse cenário desastroso, o debate é muito mais importante para ele. É sua última oportunidade para tentar estancar a sangria de votos praticamente na boca da urna. 

Ciro Gomes e Simone Tebet certamente vão repetir o mesmo figurino dos debates anteriores. A dupla vai tentar o que não conseguiu fazer durante toda a campanha: tornar palatável ao eleitorado a tal terceira via. Era o objetivo de alguns segmentos, incluindo donos da grande imprensa. 

É tarde demais para isso. Não precisa ser nenhum gênio da ciência política para cravar que os dois candidatos já perderam. Em seus discursos, Ciro e Simone quiseram igualar Lula e Bolsonaro, mas isso não é apenas delirante: é escandalosamente desonesto.

Na bancada da Globo, Lula sabe que estará cercado de pistoleiros por todos os lados. Além de Ciro e Tebet, Soraya Thronicke, Felipe D’Avila e Padre Kelmon vão com tudo pra cima do candidato do PT. Quem lidera a corrida é sempre o alvo preferido dos demais concorrentes. 

O riquinho D’Avila é especialista em retórica “liberal” combinada a acenos ao que há de mais tosco na truculenta extrema direita. Finge que é novidade, mas representa a elite mais velhaca e reacionária que suga as riquezas do país e odeia pobre. Resumindo: um bosta asseado em perfumaria importada.

E tem o “reverendo” Kelmon, o padre-fake, a candidatura laranja mais escancarada de todos os tempos. Esse marginal de batina vai à Globo exclusivamente servir de escada para Bolsonaro, como se viu no debate realizado nos estúdios do SBT. Certamente o PT deve ter alguma estratégia para anular as investidas do capeta vigarista.

Como já escrevi aqui, debate não muda os rumos de uma eleição, não enche ninguém de voto de uma hora pra outra. Mas é um momento delicado. Um vacilo diante de um tema grave pode ser desastroso. Até porque não haverá mais tempo para uma recuperação. Afinal, a campanha no rádio e na TV acaba nesta noite de quinta-feira. 

Hoje não tem pipoca. Vamos de cachacinha mesmo.