A quatro dias da hora do voto, o clima de apreensão parece se espalhar pelo Brasil afora. A impressão é de que a possibilidade de uma vitória de Lula no primeiro turno faz elevar o tom beligerante de Bolsonaro e bolsonaristas. No prédio onde moro, aqui em Maceió, cruzei com uma moradora em fúria com o presidente do TSE e ministro do STF, Alexandre de Moraes. A pessoa me pareceu, como se diz, possessa. 

E o que diabos o ministro teria aprontado agora para que os seguidores do capitão da tortura estejam enfurecidos? Na segunda-feira 26, Moraes deu entrevista sobre regras para o dia da votação. O eleitor não pode portar o celular no momento em que estiver diante da urna eletrônica.

Mas o que deixou a turma da extrema direita revoltada foi outro anúncio do presidente do TSE: quem afirmar que apertou o número de seu candidato, mas apareceu outro na urna, deve ser conduzido a uma delegacia para investigação. Sendo mentira a alegação, o eleitor aloprado responderá pelo crime de falsidade.

Na disputa de 2018, esse tipo de presepada foi registrado em algumas localidades. Era tudo invencionice, bem ao estilo do presidente viciado em fake news. E vejam que quatro anos atrás Bolsonaro passou fácil para o segundo turno e venceu a eleição na segunda rodada, derrotando Fernando Haddad.

O cenário é bem diferente agora. Todas as pesquisas indicam uma vitória de Lula, talvez já no próximo domingo. Por isso, há o temor de que o presidente estimule tumulto e violência, numa tentativa delirante de ganhar no grito. E o que não falta é gente disposta a tudo para seguir a ordem do chefe.

Também por isso muitos eleitores dizem que escondem a preferência para evitar eventual ataque de fanáticos do verde e amarelo. “Eu não vou usar vermelho no domingo de jeito nenhum. Sabe lá o que pode acontecer se eu cruzar com esses malucos”. Foi o que ouvi de uma pessoa próxima.

Chegamos a essa situação trágica, algo inédito na história brasileira. Bolsonaro e suas ideias criminosas empestaram o ar de tal modo que, sim, é melhor tomar cuidado. Não vale a apena se expor. O ódio está pelas esquinas, nas academias, nos condomínios, nas festas ou em simples reuniões.

Temos uma chance de ouro de combater tudo isso daqui a pouco. Apenas quatro dias pra gente respirar com um pouco mais de tranquilidade. Chega de menosprezo pela vida. Chega de exaltar a morte. O voto é o caminho para melhorar a sociedade e não para pregar o extermínio.