Debate na TV Gazeta: a surpreendente revelação de Collor sobre o vídeo de Luiz Dantas

28/09/2022 12:30 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Não saberia dizer se houve um vencedor no debate entre os postulantes ao governo de Alagoas, realizado pela TV Gazeta no fim da noite desta terça-feira. Havia uma forte expectativa quanto ao caso envolvendo o ex-deputado Luiz Dantas, pai do atual governador e candidato à reeleição, Paulo Dantas (MDB). Como se sabe, o pai acusa o filho por um suposto esquema de corrupção na Assembleia Legislativa. O assunto apareceu no debate, mas não exatamente como se imaginava.

Lembrando: o tema requentado – está numa investigação de 2017 – voltou a público agora porque Luiz Dantas surgiu no guia eleitoral do senador Rodrigo Cunha (União Brasil) fazendo as tais acusações. Ou seja, o acusador procurou um dos concorrentes para detonar a candidatura do próprio filho. Muito estranho, não é não?

Parecia uma bala de prata, como se costuma dizer em situações de tal natureza. Uma tacada mortal de Cunha contra Paulo Dantas. Afinal, como afirma a propaganda do senador candidato, se até o pai é contra um filho, quem haverá de estar ao lado de tal criatura? Mas esse tipo de recurso é um perigo também para quem ataca. 

A verdade é que arrastar assuntos particulares para uma campanha eleitoral parece tão repugnante quanto um eventual delito cometido por aquele que á alvo dessa bala prateada. A coisa se complica quando, na guerra pelo poder, uma das partes apela para aspectos da vida íntima e familiar de seus adversários. Sim, reitero, é repugnante.

A certa altura do debate, Cunha deu um jeito de encaixar o tema constrangedor ao fazer uma pergunta a Paulo Dantas. Avalio que o rapaz de Arapiraca acabou se dando mal – exatamente porque Dantas expôs a controversa arma usada por seu oponente. O senador pareceu ter acusado o golpe e não voltou mais ao pantanoso assunto. 

Mas a fala que realmente surpreendeu sobre esse lamentável episódio veio de outro candidato, o senador Fernando Collor (PTB). Antes de começar uma pergunta sobre outro tema para Dantas, Collor afirmou: “Em primeiro lugar, eu gostaria de lhe dizer que fui informado e procurado por interpostas pessoas sobre a questão do vídeo do senhor seu pai, e eu não aceitei”. 

Collor não deu detalhes sobre como teria sido essa abordagem. Não citou lugares, nomes ou datas. Numa livre interpretação pode-se dizer então que Luiz Dantas teria oferecido a “bomba” a mais de uma candidatura. Aí o troço fica ainda mais obscuro. É como se fosse um leilão, sendo que a moeda em jogo não precisa ser necessariamente dinheiro.

Como escrevi em texto anterior, jamais saberemos o que de fato moveu Luiz Dantas a esse gesto extremo. Quanto aos efeitos eleitorais, suspeito que neste momento Rodrigo Cunha talvez tenha mais motivos de preocupação do que Paulo Dantas. Seria uma típica situação de bala de prata bumerangue. Pode chamar também de tiro no próprio pé.

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