Alagoas registrou 4.495 casos de dengue entre janeiro e 15 de maio de 2022. No ano passado, o mesmo período contabilizou 534, o que representa um crescimento de 741%. O número de pessoas acometidas por chikungunya e zika também tiveram um aumento significativo no Estado. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau),  na última segunda-feira (16).

Com relação à chikungunya, Alagoas confirmou 705 casos nos primeiros quatro meses de 2022 e 54 no mesmo período do ano passado, um aumento de 1.205%. Já à respeito da zika, foram registrados 177 casos este ano contra 37 no mesmo período do ano anterior, sendo um crescimento de 378%.

Além disso, Alagoas é um dos cinco únicos estados do Brasil que registrou óbito por chikungunya, de acordo com boletim divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 6 de maio. Ainda há 16 mortes em investigação no País.

Ao Cada Minuto, o infectologista Fernando Maia afirma que o aumento recente de casos de dengue não pode ser considerado epidemia. “Na verdade, é um crescimento do número de casos, mas não é epidemia porque não ultrapassou certos parâmetros que são previstos pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”.

Fernando Maia. Foto: Assessoria

Segundo o médico, para ser classificado como uma epidemia teria que aumentar mais do que já aumentou. “Então, no momento, pode ser considerado um surto, mas não uma epidemia”, completa.

Quando procurar atendimento

O especialista diz que é necessário procurar atendimento médico quando o paciente apresentar quadro febril para que seja avaliado e realize exames. Ele destaca que a doença com mais probabilidade de provocar complicações a curto prazo é a dengue. Porém, a que costuma fazer quadros mais longos é a chikungunya.

“Nos dois casos é importante a realização de exames para diagnóstico, orientação e tratamento corretos”, declara.

À reportagem, a Sesau informou que, nas últimas semanas, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) registraram aumento considerável de atendimentos a pacientes com sintomas relacionados às arboviroses.

No entanto, ressaltou que o atendimento segue ocorrendo de “forma qualificada e seguindo o fluxo assistencial, respeitando a classificação de risco dos pacientes''. O órgão recomendou que, no início dos sintomas, caso sejam leves, os pacientes devem procurar assistência nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), gerenciadas pelos municípios.

Como diferenciar as doenças

O infectologista esclarece que a dengue se caracteriza por febre alta, com frio e calafrio. Muitas vezes, também é acompanhada de dor de cabeça, principalmente atrás dos olhos, a chamada cefaléia retro-orbital, e dores pelo corpo, principalmente musculares. Sendo essa a principal diferença em relação a chikungunya.

A chikungunya também provoca febre alta e dor, que é muito maior nas articulações, especialmente nas pequenas articulações das mãos e nos pés, mas qualquer uma do corpo pode ser acometida.

Ainda segundo Maia, a zika costuma ter febre baixa, pode ter dor nos olhos, e costuma provocar um quadro muito mais leve do que a chikungunya.

“A Chikungunya causa principalmente alterações a longo prazo nas articulações. Por isso, se não houver tratamento adequado, principalmente se não houver repouso, pode haver sequelas. Então, o paciente pode ficar com deformidade articular e com dificuldade de mobilização. Sendo essa a principal complicação da chikungunya”, alerta.

“A zika não costuma deixar sequelas em pacientes adultos. A principal complicação dela ocorre nas crianças que estão na vida intrauterina ,antes do nascimento, que são expostas quando a mãe pega a doença. Esse bebê pode nascer com várias complicações ou, inclusive, chegar até mesmo a provocar abortamentos”, completa o médico.

“Passei quase um ano com dores”

A professora Ivana Rodrigues foi contaminada pela chikungunya há dois anos e relata o que enfrentou com as sequelas da doença. “Foi muito  sofrimento na época. Muita dor nas articulações, fiquei sem forças nas mãos por muitos meses”.

Ela conta que precisou ir ao médico diversas vezes para tentar aliviar as dores nas articulações, que atingiram principalmente suas mãos. Apenas com o uso de corticóides conseguiu se recuperar. “Passei quase um ano com dores”, afirma.

De acordo com Ivana, na época, mesmo tendo contato com várias pessoas, só ela pegou a doença. “Desde essa época só ando com repelente, medo de pegar novamente”, completa.

Evitar proliferação do mosquito é a forma mais eficaz de combate

O infectologista recomenda que, para evitar a proliferação do mosquito causador dessas doenças, aedes aegypti, se deve evitar acúmulo de água limpa e parada.

“Isso vale para calha de telhado, caixa de ar condicionado, copo, prato, pneu, garrafa plástica, qualquer recipiente que possa acumular água da chuva. Esses recipientes são potenciais criadouros do mosquito”.

“É muito importante evitar que se faça qualquer tipo de acúmulo de água em local aberto. Se não tem mosquito, não tem dengue, não tem zika e não tem chikungunya”, declara.

*Estagiária sob supervisão da Editoria