E se Bolsonaro tentar um golpe, como ficam Collor e Arthur Lira

12/01/2022 10:37 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O fato de levarmos a sério uma ameaça golpista de Jair Bolsonaro é a prova incontestável de que o Brasil andou para trás. Até um dia desses ninguém cogitaria algo nessa dimensão. Nem no caótico governo Sarney. Nem no terremoto do governo Collor. É a primeira vez, desde a redemocratização, que as Forças Armadas reaparecem com a marca do golpe contra a democracia. É o que o presidente da República insinua com frequência rotineira. Aquelas faixas pregando “intervenção militar com Bolsonaro presidente”, em tantas manifestações, não surgiram do nada.

Como já escrevi aqui, o capitão da tortura não vai aceitar a derrota nas urnas. Aliás, à medida que o dia do voto for se aproximando, com a iminência do fracasso, Bolsonaro aprontará algo inédito. Há suspense quanto ao estrago da presepada que pode estar a caminho. A encrenca mais leve seria algo como a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, incentivada por Donald Trump.

Em editorial nesta terça-feira, a Folha chama atenção para o risco de um “Capitólio Caboclo”. Segundo o jornal, “o fantasma está posto”. A coisa é tão séria que, também afirma a Folha, as Forças Armadas estão tomando precauções para conter o eventual descontrole de um presidente capaz de tudo para ficar no poder.

E se Jair Bolsonaro tentar mesmo um caminho para o golpe, com apoio de alas militares e das polícias estaduais, como ficam o senador Fernando Collor e o deputado Arthur Lira? Estão dispostos a ir até o fim com um sujeito decidido à ruptura institucional? O ex-presidente da República e o atual presidente da Câmara Federal formarão nas fileiras de um golpista?

Lira já foi confrontado com essa hipótese. Ainda em março do ano passado, ele falou de “remédios amargos” numa referência a processos de impeachment. Disse também estar com a mão no “botão amarelo”, indicando que mandava um recado para o inquilino do Planalto. O deputado tem a prerrogativa – exclusiva – de abrir investigação no Congresso contra o presidente.

O veterano senador e o parlamentar têm experiência de sobra para entender o que se passa. Ninguém aí terá o direito de alegar inocência no caso de uma ofensiva de Bolsonaro contra o sistema democrático. Ficar ao lado do capitão numa aventura de consequências imprevisíveis pode ser o fim da linha para qualquer um.

Collor e Arthur Lira colaram no presidente de olho nas contrapartidas generosas que fazem parte de uma aliança como essa. Mas nenhum dos dois têm vocação para o suicídio político. Suponho que ambos tenham um Plano B caso o parceiro do Planalto pire de vez e convoque as tropas para ocupar ruas e gabinetes. 

Chega de golpes e de golpistas!

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