Para que dormimos? Porque dormimos?

11/11/2021 23:52 - Cláudio Cerqueira - Psicólogo
Por redação
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O que a neurociência sabe e ainda desconhece da necessidade de dormir? Privação do sono impede a fixação das lembranças, a limpeza do cérebro e acelera a deterioração cognitiva. 

Em um experimento publicado em 1995, duas centenas de indivíduos estavam sobre esteiras que começavam a se mover quando um eletroencefalograma detectava que começavam a ter sono. No final da esteira havia um balde cheio de água. Nos casos mais extremos, foram privados de 99% do tempo de sono. Após alguns dias começaram a comer compulsivamente e, entretanto, perdiam peso. Seu ritmo metabólico havia disparado a 200% e tinham úlceras na pele. Seu sangue tinha níveis anormais de neurotransmissores e hormônios, como a noradrenalina e a tiroxina. Duas ou três semanas depois, todos morreram. A pesquisa foi feita com ratos de laboratório, evidentemente, mas mostra que não se pode viver sem dormir. A ciência está achando mais complicado saber para que o sono serve.

A revista Science publicou uma série de artigos com as últimas coisas que se sabe sobre o sono. Umas das verdades científicas é a universalidade da necessidade de dormir. Que um animal feche os olhos e entre em um estado de inconsciência que o expõe aos perigos da noite não parece uma boa ideia. De modo que, do ponto de vista evolutivo, alguma função essencial deve ter. Há poucas espécies que são capazes de dormir não completamente, como os golfinhos, que relaxam um hemisfério cerebral, fechando o olho desse lado, enquanto o outro continua aberto e acordado. Outros, como as fragatas pelágicas, são capazes de voar dormindo durante dias. Mas a maioria precisa de um número determinado de horas e, se não as tiver nessa noite, as terá na próxima, com maior duração e intensidade.

Não se pode fazer experimentos tão extremos com os humanos como o que inicia este artigo. De fato, já não podem ser feitos sequer com animais. Mas com os realizados, enquanto as normas éticas eram menos exigentes, a conclusão geral é que a privação do sono tem um impacto generalizado no organismo, das capacidades cognitivas ao modo de caminhar.

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