A rachadinha do senador e a nova política

29/10/2021 11:49 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O senador Davi Alcolumbre começou o dia de hoje, sexta-feira 29 de outubro de 2021, com uma notícia que passa imediatamente a infernizá-lo, a cada passo que der, a partir de agora, e sem prazo de arrefecimento. O negócio é gravíssimo, como se dizia nos jornais de antigamente. Reportagem exclusiva da Veja revela uma história medonha com o senador do Amapá – que de hoje em diante pode ser classificado como um dos barões da “Rachadinha”.

A capa da revista exibe a cara rechonchuda do senador como ilustração para o seguinte título: A rachadinha de R$ 2 milhões de Davi Alcolumbre. A publicação apresenta este resumo do esquema: Por anos, o senador ficou com salários de seis assessoras do gabinete. Elas abriam conta no banco, entregavam o cartão e recebiam apenas parte do dinheiro. É um golpe de botar na lona qualquer pretendente a algo mais numa disputa política – seja briga mais rápida ou de longa duração. E pode gerar outros constrangimentos.

Alcolumbre, ex-presidente do Senado, é hoje o presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça. Nessa condição, sentou no processo de nomeação do novo ministro do STF. Num embate particular com Bolsonaro, o senador segura, há inacreditáveis quatro meses, a sabatina do indicado, André Mendonça. O presidente da CCJ tentava até agora forçar Bolsonaro a indicar outro nome. Parece que não deu certo.

Há dois dias, Jair Messias saiu correndo de outra entrevista, assim que ouviu uma pergunta sobre esse patrimônio da política brasileira, a rachadinha. Ele corre do assunto porque a família presidencial se alimenta do mesmo esquema, como já fartamente demonstrado nas investigações sobre Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz etc.

Davi Alcolumbre se elegeu presidente do Senado em 2019 com o discurso do “novo”. Com os ventos da “renovação” soprados pela extrema-direita – pode isso, Arnaldo? –, tirou do páreo o senador Renan Calheiros, que tentava voltar ao cargo. 

Mas todo aquele desfile de moralidade com a coisa pública era brincadeira, eu sabia desde o começo. Alcolumbre é tão novo quanto a “nova política” de Bolsonaro e família. Ainda em construção, já em ruínas.

Cada notícia como essa que a Veja traz agora é uma peça a mais que se mostra sob uma fachada que rapidamente foi derretendo. A fachada do “acabou a mamata”, do “Brasil acima de tudo”, do “fim da corrupção”, a fachada, enfim, da “nova política”. A realidade é a de sempre, com a perversidade e degradação típicas do bolsonarismo. 

E finalmente a historinha de Alcolumbre joga de novo na cara de todos um crime sem punição no Brasil. De ponta a ponta, da vereança ao Congresso, como se vê, o esquemão da rachadinha segue sem freios, fora de controle, do jeito que Deus e o Diabo gostam na terra do sol. Até quando?

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