Fortunas em paraíso fiscal: Paulo Guedes, Roberto Campos Neto e um governo de bandidos

07/10/2021 11:55 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Diante dos fatos, nem dá para ser original: fosse o Brasil um país sério, Paulo Guedes (ministro da Economia) e Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central) seriam banidos do governo imediatamente. A revelação de que a dupla esconde dinheiro em paraísos fiscais expõe, quando menos, um conflito de interesses inaceitável. Segundo as informações divulgadas pelo consórcio de jornalismo investigativo, os trocados do ministro em cofres estrangeiros somam mais de 9 milhões de dólares, algo na casa de 50 milhões de reais.

Não é ilegal ter dinheiro em contas no exterior em nome das chamadas empresas offshore. Se o dono da grana informa isso à Receita Federal, tudo bem, segundo nossa legislação. O problema é que uma norma na gestão pública proíbe esse tipo de operação a depender do cargo do servidor. Se ele pode tomar decisões com potencial de influenciar seus próprios negócios, a prática de “investir” lá fora deixa de ser uma trivialidade da vida privada.

É o caso de Guedes e Campos Neto. Um é nada menos que o chefão da política econômica do país. O outro é simplesmente o homem com poderes descomunais à frente de ações fiscais e monetárias. Ambos tomam decisões – mesmo corretas e necessárias – que podem gerar lucros para eles mesmos. É o caso clássico de legislar em causa própria. É assim por exemplo com a cotação do dólar – quanto mais lá nas alturas, mais grana no bolso dos rapazes liberais e conservadores.

E não é que desde o começo do governo Bolsonaro o dólar não para de subir?! Cobrado diversas vezes sobre a desvalorização de nossa moeda, o velho Real, o ministro faz até piada sobre o assunto. Segundo ele, tá tudo certo com o estouro da cotação da moeda americana. Afinal, esse negócio de dólar fácil pra todo mundo foi o que levou as empregadas domésticas à Disney – como protestou o próprio Guedes. “Era uma festa danada”, ironizou aquele que prometeu gerar “trilhões” ao país a cada ano.

Diante do escândalo, até com repercussão internacional, os dois serviçais do governo delinquente de Bolsonaro fingem naturalidade, olham a paisagem do outro lado e tocam a vida. Para eles, parece que nada aconteceu. Por isso, tentam passar tranquilidade, ignorando as pressões para que deixem os cargos. A única consequência concreta até agora é a convocação para que expliquem a jogada no Congresso Nacional.

Reparem que coisa complicada: Paulo Guedes é o ministro que tem a obrigação de transmitir segurança na gestão da economia brasileira. Se trabalhar direito, o ministério ajuda na atração de investimentos estrangeiros no Brasil. O investidor de outro país deve confiar no cenário nacional para empregar sua grana por aqui. Mas se até o ministro da Economia esconde fortunas em paraísos fiscais, qual a mensagem ao mundo? O Brasil não é nada confiável, ora! Esse é o recado que fica para todos.

Além de tudo isso, é grave a repercussão política. A situação mais vexatória é a de Paulo Guedes. Já amplamente desgastado por suas promessas nunca e jamais concretizadas, afunda de vez na desmoralização. Do começo do governo para cá, o gigante virou nanico pelo conjunto da obra. Agora, com a novidade escandalosa do dinheiro fora do Brasil, fica de vez refém do Centrão. Ou seja, refém da politicagem mais desenfreada no coração desse governo de corruptos e bandidos.

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