Um dia de domingo para festejar a morte

23/05/2021 15:48 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O presidente do Brasil aproveitou o domingo para comemorar. Jair Messias montou numa motocicleta e saiu pelas ruas do Rio carioca seguido por uma horda de motoqueiros. Jair queria festejar uma marca numérica – o país passou de 448 mil mortes por Covid-19. E claro que isso não poderia passar em branco para quem não se cansa de celebrar a tragédia e o caos na vida brasileira. Vendo as imagens do desfile patético na TV, não se cogita outro desfecho possível que não seja a derrocada eleitoral do presidente que adora tortura e torturadores. Bolsonaro monta armadilhas pra ele mesmo.

O detalhe mais sujo na festa da morte com motoqueiros foi a presença de Eduardo Pazuello. O generalzinho de chumbo, ex-ministro da Saúde, subiu num palanque e grunhiu loas ao marginal do Planalto (foto). O militar, que expõe a si mesmo e ao Exército ao ridículo, despejou uma caçamba de mentiras ao depor à CPI da Pandemia. O gesto de acompanhar o motoqueiro das trevas resume e reafirma o homem Pazuello: ele só “obedece”.

Nunca a expressão “suicídio político” foi tão adequada. Ao que parece, guiado pelo gabinete do ódio, Jair acredita ser capaz de manter os súditos eternamente no cabresto. Mas se é errado, ao crítico, considerar o eleitor de Bolsonaro como “gado”, erro maior comete o próprio “mito” ao agir como se acreditasse na mesma coisa.

Ele acredita. Daí as operações em que afia a veia suicida. Bolsonaro não terá o apoio que teve para se eleger. Ficará refém dos mais doentinhos da cabeça. Com essa frente de celerados, terá o voto dos mais sanguinários – tipo Augusto Nunes e Alexandre Garcia. De motoca, o miliciano perdeu votos neste domingão. Tenho certeza.   

Tremei, Alagoas! O deputado Antônio Albuquerque ameaça sair candidato a governador em 2022. Numa curiosa e reveladora entrevista a Gabriela Flores, aqui no Cada Minuto, o parlamentar parece decidido. Albuquerque é “conservador”, em sua própria definição. Ele está muito preocupado com os “valores da família”. Ele também é um incansável caçador de comunistas, essa raça que tanto mal causa ao Brasil. O deputado apoia Bolsonaro.

O mandachuva do agreste alagoano sonha com um salto ornamental inédito em sua provinciana trajetória na política. O mais longe que chegou até hoje foi ser presidente da Assembleia Legislativa. Aliás, da primeira vez que conseguiu isso, deu uma dor de cabeça infernal ao então governador Ronaldo Lessa. Saía faísca!

Embora tenha garantido um mandato de deputado federal ao filho Nivaldo Albuquerque, dando mostras de sua força como cabo eleitoral, nosso personagem sabe que não está entre os caciques. Sempre foi coadjuvante entre os blocos maiores, chefiados pelos mestres da magia. AA, como gosta de ser chamado, tá querendo mais.

O discurso do candidato combina com o pensamento de dois colegas na ALE. Cabo Bebeto e Davi Maia pensam como Albuquerque. Com uma leve variante na forma, o trio sintetiza o que prega o núcleo duro da filosofia bolsonarista: eles parecem almas penadas do tempo da guerra fria, cinco décadas atrás. Não sei se fui claro.

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