Os velhinhos extremistas (e decadentes) da imprensa brasileira

15/05/2021 15:14 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Nunca se viu nada parecido no jornalismo brasileiro. Leda Nagle apaga dezenas de vídeos em seu canal no YouTube. Alexandre Garcia (foto) faz o mesmo. Augusto Nunes acaba de ser condenado a pagar 30 mil reais a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT. A sentença do Tribunal de Justiça do Distrito Federal afirma que a parlamentar foi alvo de um ataque “carregado de conteúdo misógino e sexista”. Em novembro de 2019, o mesmo Augusto Nunes partiu pra agressão física contra o jornalista Glen Greenwald, durante entrevista ao vivo na rádio Jovem Pan. Está na História da Imprensa Brazuca.

Também em 2019, José Roberto Guzzo deixou a Veja depois de décadas na revista. Pediu pra sair porque a direção da Abril se recusou a publicar um texto em que o então colunista desferia ofensas sobre o STF e seus ministros. Se Bolsonaro encomendasse o artigo, Guzzo não faria melhor. Era mais uma peça a serviço da onda de ataques às instituições e ao Supremo em particular. Uma especialidade do autor. Uma fixação do bolsonarismo.

Diogo Mainardi teve de pedir demissão da bancada do Manhattan Connection, três meses após a estreia do programa na TV Cultura. O motivo foi uma ofensa de baixo calão contra o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que era convidado do programa. O advogado é um duro crítico do ex-juiz Sergio Moro, o parcial. Mainardi é um fanático lavajatista e virou amigo do ex-magistrado que desonrou a magistratura.

Essa é uma breve lista de casos nos quais temos veteranos e consagrados jornalistas passando vergonha em nome de uma causa política. Leda Nagle está no ar há mais de 40 anos. Na remota década de 1980, virou a cara do Jornal Hoje, na Globo. Depois se “reinventou” no Sem Censura, na TV Cultura. E agora? Parece uma velhinha biruta em sua militância bolsonarista. Aderiu até a fake news. É adorada pelo capitão da tortura e seus filhotes.

Já o jornalista Augusto Nunes, notório reacionário, vestiu com tanto engajamento a camisa do extremismo pró-Bolsonaro, que até a Veja achou demais. Hoje, ele se abriga nos lugares adequados à sua alma de caçador de comunistas: segue na Pan e virou diretor na TV do Edir Macedo. Trocou o jornalismo pela milícia cristã.

Vídeos que os jornalistas apagaram divulgavam remédio ineficaz para o tratamento de Covid-19. Um dos casos, como disse, é o de Alexandre Garcia. Apagam os vídeos por medo da CPI da Pandemia que corre no Senado. Como está demonstrado, o governo gastou dinheiro com cloroquina enquanto faltava oxigênio em Manaus.

Em defesa de Bolsonaro, e na eterna guerra a Lula e ao PT, Garcia, que foi porta-voz do último ditador, não hesita em recorrer a falsidades. Dispensado pela Globo, virou youtuber bolsonarista e se tornou comentarista na CNN Brasil. Sua atuação já compromete a seriedade do jornalismo da emissora que, afinal, tem um nome a zelar.

Demissões e brigas nas redações dos grandes veículos por causa da bagaceira política revelam um panorama que me parece inédito. As notícias nesse sentido ocorrem com uma frequência até pouco tempo incomum. Demitida pelo SBT, Rachel Sheherazade é mais um exemplo. Profissionais brigam entre si e com as próprias empresas. Os causos com os velhinhos Nagle, Nunes e Guzzo ilustram um quadro melancólico de fim de carreira.

E tudo pra defender Bolsonaro, santo Deus! Os que romperam com a porcaria do presidente rezam na dissidência morista da seita, após o racha provocado pela demissão do canalha Sergio Moro. Na essência, portanto, pregam a mesma cartilha do autoritarismo mais bruto e do achincalhe aos valores da democracia. Todos em decadência. 

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