Lázaro Ramos leio em alguns sites , que você, além de  ser um excelente ator, apresentador, dublador, cineasta e escritor de literatura infantil, é também Embaixador do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Brasil e, com essa informação , e em nome da  sua paternidade compromissada de homem preto , atrevo-me a escrever, em nome da causa da infância.

Não sei se o  Embaixador,  tomou conhecimento, mas, faz bem uns quatro meses, (27 de dezembro de 2020),  que  Lucas Matheus  Fernando, Alexandre Silva e  Henrique, de 8, 10 e 11 anos estão desaparecidos.

Os meninos, pretos e favelados  são residentes em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, dessas periferias abandonadas e estrategicamente ,  invisíveis na demarcação dos mapas políticos deste país.

A família das crianças  vive em um limbo de espera, uma suspensão no tempo,  e  dá para internalizar a dor torturante e aguda das mães, que caminham  soterradas em vácuos, algozes entristecedores.

Há um silêncio institucional petrificado, em torno do caso , uma ausência marcante do diálogo dos poderes constituídos,  como um descaso consentido  com as vidas da infância  preta, favelada. Vidas   tratadas como objetos descartáveis. 

“Black Lives Matte'  ou  ”Vidas Pretas Importam", (também” importam, no Brasil?)  , e principalmente a vida dos meninos,  continuidade da história de pret@s, na Diáspora.

Descendência! 

Lucas Matheus  Fernando, Alexandre Silva e  Henrique são a NOSSA descendência, na Diáspora, Embaixador,  e precisamos resgatá-los desse limbo, dessa couraça claustrofóbica, encharcada e indiferente  de apagamento.

Precisamos propor um diálogo ampliado com o coletivo político,midiático,  ampliar o leque dos universos dispares em reverberação afirmativa, na busca dos meninos.

Precisamos encontrar Lucas, Matheus  Fernando, Alexandre Silva e  Henrique e quem sabe celebrar suas vidas.

Pode nos ajudar, Embaixador, Lázaro Ramos?

Pode?