'Como as pessoas vão deixar de ter preconceito com a minha religião se eu tiver receio de mostrar quem sou?,ou a herança ancestral do candomblé, no 21 de março. Salve, Charlene Araújo!
Mulher, preta , cidadã alagoana, competente repórter, Charlene Araújo é filha de Cícero Lopes de Araújo, o Castanha, que atuou como massagista do CSA durante a década de 70 e faz pouco se iniciou no candomblé, religião de matriz africana.
Está na feitura do santo. É uma Iaô. Uma mulher candomblecista.
Por ser iaô, Charlene está no aprendizado das rezas, costumes, práticas segredos e a iniciação, propriamente dita , e nesse processo de recolhimento espiritual, a iaô precisa seguir algumas regras, como a utilização dos símbolos de proteção ( turbante , quelê).
E foi assim, de turbante e quelê, que a repórter esportiva entrou em campo para a transmissão de CRB X Botafogo -PB , e deu o que falar, em pleno 21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial,
Um 21 de março de 2021, 61 anos após o protesto de pret@s, em Africa do Sul , pelo direito de existir, a repórter, Charlene Araújo ressignifica, em um campo androcêntrico e carregado de preconceitos, a herança da ancestralidade de pret@s, que tem relação intima com a simbólica luta do território de Palmares.
Charlene reinventou um 21 de março, especialíssimo, além da bola rolando, em campo, havia o toque dos tambores ancestrais rasgando, em campo, o silêncio da invisibilidade e religiosidade preta.
Orgulho arretado de você, querida Charlene Araújo.
Orgulho arretado!
Fonte:https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2021/03/22/por-que-reporter-usou-turbante-e-colar-de-buzios-durante-jogo-do-nordestao.htm
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