Hoje é um domingo 21 de março e faz chuva miúda lá fora, na capital do estado de Palmares, Alagoas..

É 21 de março, em Alagoas e o ostracismo em relação às políticas de combate às desigualdades étnicas é ululante ( como diria Nelson Rodrigues, que não tem nada a ver com esse texto).

Em Alagoas o percentual das gentes sequestradas da vida pelo vírus é preta.  69% apontam os números estatísticos e  crescentes .

Em Alagoas, corpos pretos continuam  a ser alvo de descarte naturalizado, das forças armadas. Um genocídio silencioso, consentido pelas tantas indiferenças.

Das indiferenças sociais, afinal qual o valor de um corpo preto, pobre e periférico? 

Quase zero, né, mesmo?

Cadê Davi? Cadê Jonas?   

Das indiferenças institucionais, afinal, qual o papel do órgão do estado que tem como missão a articulação de políticas públicas de combate ao racismo?  Postagens “bonitinhas” de conscientização e autoajuda nas redes sociais?

Das indiferenças do conselho criado para  “representar” pret@s. Afinal quais são os posicionamentos políticos do CONEPIR-AL. Você conhece?

Hoje são 21 de março e os quilombos destemperados de políticas públicas de combate à doença que se alastra com a força da destruição, são vestidos com o manto da invisibilidade, do descaso, do-não-estou-nem-aí.

A fome faz troça com estômagos muitos e continua alimentando vazios de expectativas em grotas com paredes e escadarias pintadas de cores vibrantes, mas que se fazem esfumaçadas pela falta de emprego, de escola, de saúde, transporte público digno e etc e tal. Um  ocaso de toda essa gente, a grande maioria preta.

Faz 61 anos, que 69 pret@s foram mort@s, no bairro de Sharpeville, na cidade de Johanesburgo, em África  do Sul,  em um  um protesto,  lutando pelos direitos civis, inclusive o  direito de ir e vir.

 Por conta do protesto  em Sharpeville,  a ONU estabeleceu, o 21 de março como o Dia Internacional Contra  discriminação Racial. Um marco  em defesa da luta contra discriminação e racismo.

Em Alagoas, o decantado território de luta centenária, do Quilombo dos Palmares, quais são as políticas públicas antirracistas implementadas e o  que temos para celebrar, neste 21 de março?

Você sabe?