A preta Quitéria , que faz um tempo grande vive em situação de rua , está com um novo corte de cabelo, e isso não tem nada a ver com moda, foram os piolhos, mesmo.
-Estava cheia de piolhos e resolvi raspar a cabeça. Coçava demais- explica ela.
Na manhã de mais um dia de março, com o sol pegando fogo, , na orla da cidade turística , Quitéria protege a cabeça toda raspada, com um boné. De uma forma simples fala das suas coisas do cotidiano e do álcool como o companheiro que a alimenta, todas as manhãs.
Durante a conversa observo os danos progressivos que a exposição ao abandono tem feito com o corpo preto da idosa , colando rugas n’alma desesperançada, e as palavras se vestem de impotência...
Quitéria é uma mulher preta, idosa, viventes das ruas e invisível, socialmente.
O que, de verdade, significa o 8 de março para Quitéria.
Quem luta por ela?
Sororidade?