Manhãzinha de um sábado de  cara mofada, ladeado por  nuvens fechadas. Não chove, na Maceió turística, mas,  há um  mormaço sufocante. 

Caminho, envolvida em mim, coletando impressões, alheia às coisas da vizinhança, do entorno.

Sigo, em direção à orla e numa  das esquinas do passeio urbano, uma moça para o carro, e da janela me alerta:- Senhora, o cadarço do seu tênis está meio solto.

Olho para ela e fico um tanto incrédula com a gesto inesperado. Agradeço, com um sorriso, por dentro da máscara ,e ela se vai, em seu carro pela estrada afora. Sento em um banco próximo para amarrar, com um nó cego, .o cadarço ,e  fico matutando, como é bonita a alma dessa moça, que mesmo com o olho no volante , outro no transito e desafiando a geografia da indiferença, nesses tempos cáoticos e raivosos,  teve tempo de observar um cadarço de tênis desamarrado, no passeio urbano. 

O gesto da moça , que parece pequeno , traz um desprendimento peculiar, uma grandeza intrínseca  (de aquecer o coração alheio)  de quem traz em si, uma genuína sensibilidade, o cuidado com pessoas.

Eu fiquei feliz e deu vontade de abrir os braços e amarrar a moça em um laço feito abraço.

 Obrigada, moça!