Daniel Silveira é o esgoto do bolsonarismo e a cara da “nova política”

18/02/2021 11:49 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O deputado Daniel Silveira, preso por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, pode reivindicar para sua biografia o título de síntese da “nova política”. Ele representa o que a família Bolsonaro prometeu entregar ao Brasil, depois de destruir a “velha política”. Eleito pelo Rio de Janeiro para a Câmara Federal, Daniel Silveira combina vasta ignorância e reacionarismo doentio. Todas as mazelas do bolsonarismo se reúnem na cabecinha oca do marombado que é modelo da “nova direita”. Sim, esse meliante tem uma legião de admiradores no meio político, inclusive entre alagoanos.

A prisão desse idiota está em debate. No meio jurídico as opiniões se dividem quanto à legalidade do ato do ministro Alexandre de Moraes – ratificado no dia seguinte pelo pleno do Supremo. A decisão unânime põe a Câmara em sinuca de bico. Diz a Constituição que cabe ao parlamento a última palavra sobre a detenção de um de seus integrantes. Por isso, a medida do STF será votada no plenário da Casa em voto aberto. E a Câmara não parece disposta a contrariar a instância máxima da Justiça.

Mas como eu ia dizendo, o cara é o modelo da nova política. Insisto nesse ponto porque não é algo irrelevante. Dois anos depois das eleições de 2018, a legião de milagreiros da “renovação” está muito, mas muito pra lá da desmoralização. A família Bolsonaro, meu Deus, vai de associação a milícias aos esquemas de desvio de dinheiro público. Marcelo Crivella. Wilson Witzel. Flávio Bolsonaro. Faz sentido. Da nova política à nova bandidagem.

Quis o destino que a crise caísse no colo de um alagoano. Como presidente da Câmara, Arthur Lira sabe o tamanho da encrenca. Seus movimentos serão anotados. Vamos combinar que, pelo histórico de processos, ele se move em terreno delicado. Fala-se em autonomia e independência dos poderes. Como resolver o impasse?

Existe um dado do qual os deputados não podem esquecer: o personagem central, o tal Silveira, é um rato. Só tem muque provavelmente à base de anabolizante. É um Zé Mané ignorado pela maioria dos parlamentares. Ninguém zela muito pela companhia do sujeito, visto como pouco saudável para o convívio em civilização.

Na defesa de uma tranqueira dessas, ninguém consegue argumentar coisa alguma que não seja facilmente refutado. Silveira é o esgoto do bolsonarismo. Por isso mesmo, está no coração de rapazes que se apresentam como cristãos, conservadores e defensores da família brasileira. São viúvas da ditadura militar e do AI-5.

O vídeo que resultou na prisão do elemento não deixa margem de dúvida. Crime é o que não falta nas palavras do amiguinho de jovens da política alagoana... Juristas se dividem quanto à caracterização do flagrante. É debate para atravessar gerações. Fato é que o STF, ao confirmar a medida por unanimidade, dá robustez à sua tese.

Daniel Silveira é aquele que quebrou a placa de Marielle Franco (foto). A celebração da morte e o desprezo pela vida do outro alimentam almas penadas. Ali está o símbolo da “nova política”. O bolsonarismo rebaixou a vida pública às camadas profundas da lamaceira. A decisão do STF é controversa, mas me parece legal e legítima.

Para terminar, é uma tremenda ironia que os poderes tenham de resolver uma crise gravíssima provocada por uma nulidade em todos os sentidos. No julgamento do STF, Luiz Fux pergunta aos colegas: “É Daniel o quê?”. O parlamento brasileiro tem de se livrar desse verme o mais rápido possível. Não há solução fora desse caminho. 

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