Na manhã do domingo de carnaval, os termômetros batendo na casa dos 30 graus, avistei Quitéria, a preta idosa em situação de rua, deitada no chão duro de uma pequena rampa de cimento, no posto 7, na badalada orla de Maceió, a cidade turística.
Uma cidade turística que dança frevo com os direitos inerentes ao povo, em situação de rua , e sob o abrigo de ventos da indiferença institucional e social.
Avistei Quitéria e notei que ela não estava nos dias estáveis, cara de poucos amigos. Não sei se lhe faltava o álcool, (abstinência) , ou mesmo esperanças sustentáveis.
Quitéria, deitada no chão duro sob o sol a pino, trazia como companhia uma mala preta, grande, onde deve guardar seus tesouros de sobrevivência.
É tão estranho olhos humanos naturalizarem a presença constante de uma mulher preta, idosa, sozinha nas ruas, e está tudo bem...
Hoje, não parei para falar com Quitéria, sentia-a agitada, e o que poderia dizer a ela?
Para ter fé, esperança, sonhos etc. e tal?
Não trazia comigo palavras para dar abrigo as inquietações da mulher que, estava no meio do passeio público, esperando quem sabe o quê?
Hoje no domingo de carnaval avistei, Quitéria, a preta idosa, e ela não estava bem!