Era um dia desses em que o sol faz estripulias no mundo todinho, espalhando luz e calor.
Avistei-o lá longe, no passeio do bairro nobre. Era um garotinho, bem pequeno, cabelos muito pretos, uma simpatia em miniatura, e consigo carregava uma vassoura, dessas artesanais, compatível ao seu tamanho.
A vassoura e o menino despertavam olhares contraditórios. Ao passar por mim , o pequeno parou , com um sorriso tímido e, sem que, nem pra quer, me lançou a mãozinha fechada.
Olhei para a mãe do menino, na busca da decodificação do gesto, ela me falou que o filho queria cumprimentar-me com um murrinho ( tempos pandêmicos).
Em resposta retribui o gesto do menino e disse-lhe para utilizar muito bem, a vassoura, que carregava como troféu, e a mãe , com um sorriso cúmplice, agradeceu.
Dei um até logo para o menino e sua mãe e segui meu caminho, mas, antes não pude deixar de ouvir o comentário malicioso ,entre duas mulheres:-Como ela deixa um menino brincar, com uma vassoura? Isso é coisa de menina!- sentenciaram.
Ouvi enfezada, mas, serenei a alma e deixei o coração saltitar em festa, por saber que no mundo deve existir muitas mães , que conseguem voar, além dos dogmas limitadores, igualzinho a mãe do menino.
Nem é rosa, nem é azul. É um menino conhecendo todas as fronteira do mundo e sendo guiado por uma mulher, sua mãe.
Eureka!