O PARAÍSO DA INFÂNCIA

21/01/2021 16:34 - Encontre-se por Carol Fontan
Por redação
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O PARAÍSO DA INFÂNCIA

Há algum tempo li um artigo que falava que a criança é o ser de maior capacidade para se viver a felicidade. O autor demonstrava um exemplo de crianças que mesmo em situação de pobreza extrema, guerras e todos esses cenários caótico  (triste realidade de muitas), e mesmo assim essas crianças conseguiam brincar, correr, fazer amizades, gargalhar. Tudo isso utilizando sua habilidade criativa e ausência de senso crítico.

É bem verdade que quando pensamos em “ser uma criança” ligamos ao fato de um mundo de fantasias, onde não existem problemas, todos se aceitam como são e a única coisa que buscam é viver essa felicidade intrínseca da forma mais intensa possível.

Eu gostaria muito de continuar a concordar com esse pensamento, mas, sou tentada a falar que o mundo contemporâneo ou talvez seja só  a realidade, é bem diferente desse paraíso infantil....

Como em todas as vezes, observando o meu entorno e todas essas crianças que fazem parte da vida de meu filho, eu me peguei questionando: “onde estão estas crianças”? Sim! Essas crianças que não julgam, essas crianças que aceitam os outros como são, essas crianças autenticas e tão alegres? Para onde elas foram?

Essas crianças são os adultos de amanhã, e já mostram o que estão aprendendo com os exemplos que as rodeiam em casa, na rua, na escola, na tv e na internet. Então, me pego fazendo outro questionamento: Onde estão esses pais? Que não percebem que suas crianças estão perdendo sua essência infantil e inocente e se tornado uma “criança adulta”?

Porque ensinar as crianças a guardarem magoas e rancor do colega? Porque ensinar uma criança a ser orgulhosa? porque ensinar uma criança a excluir e humilhar outras crianças? Porque permitem que seus filhos finjam ser outras pessoas dentro de casa e fora delas “tocar o terror”, porque ensinar que são melhores e mais espertos ou mais bonitos que os outros? Sim, você ensina tudo isso com seu estilo de vida, com sua maneira de tratar as outras pessoas, com sua maneira de falar com eles. O que eles serão amanhã é responsabilidade sua, seja pelas suas ações ou ausência delas.

Onde estão os valores? Ensinar a viver é algo que a própria vida se encarrega de fazer, talvez o nosso papel seja ensinar as ter as ferramentas necessárias para isso “valores pessoais”.

Meu filho tem TDAH e mesmo sendo uma condição neurobiológica e que não traz nenhum tipo de limitação ou risco social, pode ser um fator determinante para conflitos sociais na infância, pela agitação, irritação e dificuldade de compreensão em alguns momentos. Sempre que fico de longe olhando sua interação com colegas, me abre um buraco no peito de tanta dor por vê-lo sendo rejeitado nas brincadeiras, deixado de lado, sozinho e fazendo de tudo para chamar a atenção e com sorte ser aceito por eles, me abre um buraco quando um colega o insulta com palavras bem adultas como: egoísta, você não é de Deus, eu não gosto de você, e outras muito piores que prefiro não relatar...

Me abre um buraco no peito quando as mães vêm me reclamar que ele fez isso ou disse aquilo, sendo que não viram o que o seu próprio filho fez e vem fazendo antes disso para com ele.... 

Me abre um buraco no peito quando ele pede desculpas por algo que nem fez só para ser reinserido no meio, me abre um buraco quando os colegas aprontam e correm e o deixa lá como o culpado, já que ele é sempre o culpado de tudo.

Me abre um buraco quando menosprezam, gritam, julgam, excluem, insultam, rotulam e o fazem sofrer diariamente.... quase como uma copia perfeita do que acontece em suas casas. Essas crianças também sofrem e por isso ferem. 

 Eu me pergunto mais uma vez, onde estão as crianças sendo crianças? Onde está a inocência e a essência de felicidade?

A vida tem o ensinado a reagir, a bater, a se encolher, a aguentar, a superar... Eu sigo lutando e fazendo minha parte de lutar contra a maré, sigo o enxergando como de fato ele é, sigo fortalecendo sua autoestima e mostrando que não há nada de errado em ser como ele é … 

E se terei êxito eu realmente não sei, mas o farei incansavelmente. E se ele seguir meu exemplo na fase adulta, eu ficarei feliz por seguir seus valores. Por enquanto eu só desejo que ele seja criança.

 Essa guerra social não precisa existir agora, deixa isso para quando eles estiverem de fato nessa guerra, não ensine seu filho a ser um guerreiro de ataque, mas se seu lema é que a vida é uma guerra de lutas diárias,  então ensine-o a ser um soldado da paz, e que também há tempo de descanso, que no caso deles é o agora no paraíso da infância.

E como em todas as vezes eu falei para mim e talvez faça algum sentido para você. 

Somente dentro de mim encontrarei o outro.

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