Ele ficou por aqui cismando o tempo e meus passos silenciosos pelos vãos da casa afetiva. Puxava conversas alheatórias. Eu, monossilábica respondia por entre sorrisos contidos.
Ele, ao contrário abria uma sorrisão quebra-gelo e falava falas de simpatia familiar.
Estou, meio que nos tempos da imersão pessoal, rever caminhos e possibilidades. Coisas de dezembro, né?
E disse-lhe isso, mas, ele pegava a palavra e a transformava em conversas esticadas.
Hoje conheci sua família, a Ana, esposa, Clara, a filha e o menino.
A família saiu na frente para arrumar o Natal na casa dos pais dele e ficamos por aqui.
Resolvi ir ali no mercadinho (longe, muito longe) comprar umas cervejas, fiz uma salada de sardinha e ficamos bebericando impressões do mundo.
Foi bom sentar e conversar e sentir que pessoa bonita ele é.
Com uma profunda percepção de entendimentos humanos, Danilo é dessas gentes que conversa e o brilho no olho te passa reciprocidade.
Danilo, que é Bombeiro em São Paulo me contou histórias de encontros e renascimentos.
Falamos de religião, família, racismo, preconceitos e do Natal.
E ele me disse: "Tenho observado as pessoas nos metrôs da vida e percebo como elas andam tristes, às vezes, até depressivas. E essa gana de ter que comprar roupa pro Natal, como se a vida dependesse disso.
E percebo como aumentou o número de vendedores ambulantes. Há uma energia inquieta no ar ‘disse ele.
Falei da ação do Instituto Raízes de Áfricas junto as mulheres encarceradas do Presídio Santa Luzia, em Maceió e minha sensação de impotência por não ter podido cumprir a promessa de realizar um show de Natal (mesmo que não tenha expectativa pelo Natal, mas elas têm).
E Danilo: então, faz uma planilha e coloca isso para o próximo ano.
Ela saiu faz pouco para se reunir a família e fico pensando que meu povo espiritual é expert em mandar recados.
Antes de sair ele me disse: Foi um prazer enorme te conhecido.
A recíproca é verdadeira, querido.
Obrigada, Danilo!
Diário de Bordo, em São Paulo.
públicas em 2005.










