Crivella, Witzel e Bolsonaro: a corrupção não tem ideologia

23/12/2020 01:11 - Blog do Celio Gomes
Por redação
Image

Wilson Witzel e Marcelo Crivella são dois cidadãos de bem. A dupla representa o que a gente poderia chamar de elite do bolsonarismo e da “direita esclarecida”. É o melhor da política no conceito dos nossos cristãos conservadores. No caso de Witzel, sua filosofia do “tiro na cabecinha” encanta os rapazes que idolatram Bolsonaro. É tudo a mesma coisa, tudo a mesma escória, tudo fã de milícia e de grupo de extermínio. Witzel, esse monumento da honestidade anunciada pela “nova política”, foi afastado do cargo de governador do Rio, acusado de corrupção. O herói não passava de bandido.

Marcelo Crivella, o prefeito da capital carioca, foi preso nesta terça-feira, também acusado de comandar um esquema de propina. A medida foi convertida em prisão domiciliar pelo presidente do STJ, Humberto Martins. Bispo da Igreja Universal, Crivella é um dos arautos da moralidade alheia, assim como Bolsonaro e sua quadrilha. De 2018 pra cá, desde a eleição do desqualificado capitão, exemplares da “renovação política” foram desmoralizados. 

Destaque no time dos enrolados em graves denúncias é o senador Flávio Bolsonaro. A ladroagem patrocinada pelo filho do presidente foi escancarada na investigação. Ele não tem explicação pra nenhum dos seus negócios. A maracutaia da “rachadinha” é apenas uma das frentes de enriquecimento suspeito do rapaz. A ameaça de uma prisão contra Flávio assombra Bolsonaro, dia sim, dia também. Por isso, aliás, o sujeito baixou o tom com o STF.

No ministério, casos de desvio de recursos estão por todos os lados. Um dos mais graves se dá na área da Comunicação, como a Folha demonstrou numa série de reportagens. Não faltam os episódios em que a desonestidade decorre de um impulso patético, digamos assim. É o caso do astronauta que vandaliza o Ministério da Ciência e Tecnologia. Marcos Pontes gasta nosso dinheiro com aventuras amorosas de outra galáxia.

Voltando a Witzel, ele era juiz federal até partir para a missão de “moralizar” a política. Fez alguma fama paroquial, vestido na lenda de implacável com a corrupção e todo tipo de malfeito. Exatamente como Sergio Moro, o pulha que fez do exercício da magistratura o atalho para conquistar poder e ficar milionário. São dois corruptos, cada um no seu estilo particular. A diferença é que Moro ainda está blindado na grande imprensa e no “mercado”.

Outro exemplo de como o governo Bolsonaro age de maneira ilibada está na relação do presidente com as milícias digitais. Trata-se de verdadeira organização criminosa, com servidores pagos para fabricar fake news. Há ainda a turma de Allan dos Santos, aquele delinquente do Terça Livre. Essa gang conquistou seguidores pregando o combate à corrupção. É uma velha estratégia que voltou com tudo a partir de 2014 com a operação Lava Jato.

A Lava Jato, como está demonstrado, serviu pra engrossar a conta bancária de procuradores que viraram estrelas na imprensa. O outro objetivo – o político – foi devidamente alcançado com a prisão de Lula, condenado numa farsa judicial, e com a eleição de Bolsonaro. Taí o saldo do farsesco “combate à corrupção” que historicamente serve para eleger pilantras – os atuais cidadãos de bem. O Brasil sofre desse mal desde tempos remotos.

Crivella, Witzel, Moro, Flávio, Jair Bolsonaro. Em menos de dois anos, estes e outros personagens da República foram expostos em suas estripulias criminosas. O que há de comum entre eles, repito e ressalto, é que todos surfaram no discurso do combate à corrupção “da esquerda”. Na direita, entre os caçadores de globalistas, isso não existia. A desmoralização dessa gentalha nos lembra de algo: bandidagem não tem religião nem ideologia.

(Na foto do alto, o prefeito Marcelo Crivella, preso, chega à delegacia no Rio).

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..