Parece que Davi Maia vai mandar mais na prefeitura do que JHC, o prefeito eleito de Maceió

22/12/2020 00:16 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Como diria o sambista Jamelão, o deputado estadual Davi Maia (DEM) está mais feliz do que pinto no lixo. O homem acorda todos os dias e anuncia ao mundo: “Quem vai mandar na prefeitura de Maceió a partir de janeiro de 2021 sou eu”. Não estou exagerando. Basta ver o que Maia anda dizendo em todas as esquinas e microfones. Fala mais que o prefeito eleito, João Henrique Caldas. O deputado chegou a dizer que JHC o convidou para ser secretário, mas ele recusou. É a primeira vez que vejo algo assim. Parece óbvio que o anúncio do parlamentar diminui JHC, esnobado publicamente.

E o que é que este representante da “nova política” anda dizendo por aí? Davi Maia, um reacionário formado no Ginásio Luciano Huck, é o coordenador da transição na prefeitura. Como eu ia dizendo, ele anda falando muito. E seu principal assunto nas entrevistas e nas redes sociais tem sido a “revisão de contratos” da gestão Rui Palmeira. De fato, Maia é expert em fechar contratos. Sua experiência no ramo está registrada na própria prefeitura.

É que, até pouco tempo antes da campanha eleitoral, Maia era governista. Aliás, um governista que se deu muito bem galopando a máquina municipal. Ele foi secretário de Meio Ambiente e – seu mapa da mina – chefiou a Slum, a superintendência que cuida da limpeza urbana. Limpeza urbana quer dizer coleta de lixo. E lixo é um troço que sempre rendeu contratos exóticos na prefeitura. Maia vai revisar seus próprios contratos?

O trololó do deputado também sinaliza algo recorrente nas disputas políticas e eleitorais. Como se fosse uma tradição milenar, todo eleito começa a gestão falando de “herança maldita”. O termo ainda não apareceu, assim literalmente, mas a ideia está no ar. Pode ser apenas uma questão de tempo para um gatilho disparar a acusação com todas as letras. Acusar o antecessor pelo próprio fracasso é um clássico nacional. É o que vem aí, aposto.

Além de Davi Maia, outro homem forte na futura gestão é o delegado federal André Costa. Começou a carreira na PF em Maceió e depois virou secretário de Segurança no Ceará, governado pelo petista Camilo Santana. Ele também é “digital influencer”. No Instagram, Costa usa toda sua experiência para faturar uma grana. Ele e um sócio têm um curso que prepara candidatos que sonham virar delegados nas polícias Civil e Federal.

Para vender o talento de professor, André Costa ensina que é preciso ter “foco”! (Onde foi que a gente já ouviu isso?). Nossa imprensa informa que o delegado federal deve ganhar uma nova secretaria. A pasta será criada exclusivamente para cuidar do caso Pinheiro-Braskem. Não parece uma boa iniciativa. Lembra até uma velha piada que diz mais ou menos o seguinte: o meio mais eficaz de não resolver nada é criar uma comissão. É por aí.

O prefeito eleito já ensaia um discurso de chororô com a falta de recursos. Alegações para adiar promessas de campanha já estão na fila. Nesse sentido, outra jogada é despejar a bomba nas costas do governo estadual. Depois de prometer o céu e a terra, por conta e risco, agora JHC e seus rapazes “exigem” compromissos do governador Renan Filho. Caso contrário, dizem, não haverá dinheiro para cumprir as maravilhas da campanha.

Na Câmara Municipal, dois novatos integram essa tropa de choque do prefeito eleito. Lembrando: JHC é “progressista” do PSB e fanzoca de Jair Bolsonaro. É o que explica que ele tenha como fiéis aliados os vereadores eleitos Fábio Costa (mais um delegado) e Leonardo Dias. Uma dupla perfeita, se é que estou sendo claro. Dois fanáticos da extrema-direita mais boçal e histérica. Eles estão preocupados – ainda e sempre – com o kit gay.

A ver o que essa gente aprontará no Executivo e no Legislativo da nossa indefesa capital. Sobre a gestão de Rui Palmeira – se deixa legado de respeito ou uma maldita herança –, direi alguma coisa a respeito no próximo texto. 

(Na foto lá do alto, Davi Maia e JHC: a “renovação” da política alagoana cai na balada).

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