Mediocridade é a marca da gestão Rui Palmeira

22/12/2020 12:08 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Rui Palmeira (foto) diminuiu de tamanho. E não foi pouca coisa. O singelo fato de estar sem partido expõe a dimensão de seu inferno astral na política. Sem filiação partidária e, a partir de janeiro, sem mandato, o ainda prefeito de Maceió atravessa seu pior momento desde que se elegeu deputado estadual em 2006. Não ficou mais de uma temporada na Assembleia Legislativa; em 2010 ganhou a eleição para deputado federal e partiu para Brasília. Dois anos depois, levou a prefeitura da capital, com o discurso da renovação, da juventude e de modernização da gestão pública.

Quando se reelegeu em 2016, derrotando o ex-prefeito Cícero Almeida, com mais de 60% dos votos no segundo turno, parecia que o filho de Guilherme Palmeira tinha vindo ao mundo pra ganhar, sempre. Mas a gente sabe que a vida não é assim. O prefeito está sabendo disso agora. Mas, lá atrás, achava que seria eleito governador em 2018. Esse era o plano previsível. Mas ele decidiu cumprir os oito anos na prefeitura e recusou a candidatura.

Ali, o vento mudou para o prefeito. Ao rejeitar ser candidato, Rui deixou uma legião de aliados numa enrascada, sem um palanque forte naquela disputa. Resultado: a oposição não fez nem sombra ao governador Renan Filho, que se reelegeu em primeiro turno como se fizesse um passeio. E o prefeito de Maceió adiou para 2022 o sonho de ser governador. Eleger o sucessor agora em 2020 seria uma tremenda largada. Mas aí deu tudo errado.  

Mesmo com a inesperada e quase chocante aliança com o governador, o candidato de ambos, Alfredo Gaspar, perdeu a eleição para JHC. Assim, a máquina municipal troca de mãos, numa clara demonstração de que o eleitor rejeitou a opção apoiada pelo prefeito. “Mudança”. Esse foi o batido bordão que embalou a campanha do vitorioso. Decididamente, a população disse não ao candidato que representava a gestão de Rui Palmeira.

E como foi a gestão do prefeito que está indo embora? Ele apresenta a construção de conjuntos habitacionais e a abertura de avenidas como grandes realizações. Sei não. Com boa vontade para esse tipo de investimento, o melhor do legado, digamos assim, não vai muito além disso. Fazer propaganda de recapeamento e de troca de lâmpadas só pode ser brincadeira! Isso é o básico do obrigatório. Educação e Saúde são um desastre.

Mas o grande carimbo de fracasso da atual administração tem nome e endereço: é o Programa de Frente pra Lagoa, que seria implantado na região da orla lagunar. Em texto neste blog, de quatro de fevereiro deste ano, chamei esse negócio de um dos maiores estelionatos eleitorais da história da cidade. Também escrevi que o candidato do prefeito teria dificuldade com o tema. E, sem querer me gabar, foi exatamente o que aconteceu.

Assim que começou o segundo turno, o guia eleitoral de JHC levou ao ar um vídeo devastador. Na peça – esta sim, uma aula de marketing eleitoral – moradores da beira da lagoa assistiam a um vídeo em que Rui prometia um novo mundo para a região, também conhecida como Dique-Estrada. Na Publicidade, o prefeito fala em apartamentos, avenidas, creches, equipamentos culturais – enfim uma miragem típica do mundo publicitário. 

A reação dos moradores, no vídeo do programa eleitoral, é de repugnância. Enquanto escutam as potocas do prefeito, homens e mulheres falam de Rui Palmeira com uma mistura de revolta e desprezo. E faz sentido. A propaganda sobre o projeto é tão fantasiosa que sempre me pareceu um deboche com as condições dramáticas de vida daquela população. O anúncio de “retomada das obras” – já durante a campanha – foi criminoso.

Não foi o único fracasso do atual prefeito, mas foi o maior, um escândalo. Para fechar, diria que é um tanto desolador constatar algo tão medieval em gestores públicos do século 21: tudo para as “áreas nobres” e nada para as periferias. Tocar uma cidade em todas as suas dimensões! Nessa missão, Rui foi tão medíocre quanto seus últimos antecessores. Vai tarde. Pensando bem, nas últimas duas décadas Maceió não avançou quase nada.

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