
Daniel Dos Santos é historiador e faz uma análise, muito particular, mas ao mesmo tempo abrangente do documentário AmarElo é Tudo Pra ontem,de Emicida , cujo lançamento tem causado êxtase social , e como toda unanimidade é burra, já diria Nelson Rodrigues, o blog apresenta uma opinião embasadamente, divergente . O historiador fala:
“É só uma opinião minha. A arte deve estimular na coletividade os processos de ruptura e revolução, não responsabilizar a pessoa artista em liderar o processo. Além disso, deve causar náusea e vômito naqueles que são descendentes dos opressores e colhem os frutos de suas árvores frondosas. O que Emicida planta, rega e colhe em seu documentário é proveniente da agência, trabalho e sorte que ele possui. É meritocrático. É sobre isso que eu me refiro”.
E Daniel nos oferece sua visão opinião clínica e preta sobre o documentário:
"Esteticamente, impecavelmente bonito de ver.
A emoção tentou romper pelos olhos diante das fotografias e vídeos históricos, principalmente os de Lélia Gonzalez e do Movimento Negro Unificado. Antigas epifanias.
Porém, Emicida está longe de ser, como ele mesmo diz, o pesadelo da branquitude brasileira.
Sua música provoca atualmente uma boa digestão dos cadáveres pretos putrefatos que a elite branca desse país devora em suas refeições diárias. São canções de ninar para a branquitude brasileira dormir tranquila na certeza de um futuro repleto de privilégios, preservado por a ameaça da insurgência e insurreição negra ser apenas um espetáculo.
Infelizmente, sua arte não desperta de nosso sonambulismo diante do pesadelo necropolítico que vivemos. Cada vez mais amarelos e menos pretos, anêmicos e desnutridos de potência de destruição das macro estruturas de violência e opressão.
Continuo sendo muito fã, mas Emicida, politicamente, é somente um fascínio racial."
Fonte: Facebook de Daniel