Com problema na Justiça, Arthur Lira sonha com o topo do poder

11/12/2020 11:42 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O cardápio de nomes para a presidência da Câmara dos Deputados mostra a miséria política da atual formação do parlamento brasileiro. São citados como pré-candidatos, entre outros, Agnaldo Ribeiro (PP), Baleia Rossi (MDB), Capitão Augusto (PL), Elmar Nascimento (DEM), Fernando Coelho Filho (DEM), Luciano Bivar (PSL) e Marcos Pereira (Republicanos). Mas nenhum deles é tão favorito para levar a eleição como o alagoano Arthur Lira (PP) – um nome que dispensa apresentações. O deputado aposta no apoio do presidente Bolsonaro, aquele mesmo que ia acabar com a “velha política”.

Ao que parece, as chances de Lira aumentaram depois que o STF enterrou a criminosa tese de reeleição para Rodrigo Maia na Câmara e Davi Alcolumbre no Senado. Mesmo com a proibição explícita nas páginas da Constituição, faltou pouco para que a gambiarra fosse sacramentada. O parlamentar alagoano seria candidato de qualquer jeito, mas, sem Maia na disputa, ele tem certeza que o caminho ficou mais tranquilo. Nem tanto assim, talvez.

A história mostra que as eleições para o comando de Câmara e Senado podem render surpresas – mais entre deputados, dado o tamanho do colégio eleitoral, 513 votos em disputa. Sem dúvida é mais seguro amarrar um acordo com 81 senadores. Na Câmara, com essa multidão de gente, pode pintar de tudo e mais alguma coisa até em cima da hora. Por isso, imaginar vitória antecipada é meio caminho para o fracasso.

Mas Arthur Lira sabe como é o jogo. Como ele pode ser acusado de qualquer coisa, menos de ingenuidade, está ligado em cada lance durante 25 horas por dia. Tem prometido emendas, cargos, obras, postos na Mesa Diretora, a chefia de comissões relevantes e mais outros mimos em troca do voto dos colegas. Tudo, segundo consta, nos rígidos princípios republicanos. É o que faz também o outro grupo, agora sob a abalada liderança de Maia.

Embora as armadilhas da política na eleição do Congresso sejam uma ameaça constante, o maior temor de Arthur Lira está em outro lugar, mais precisamente na seara da Justiça. Ele é réu no STF, denunciado por corrupção passiva. Ainda será julgado. Em outro caso, se livrou das acusações de desvio de recursos quando era deputado estadual. A inesperada decisão foi do juiz Henrique Pita Duarte.

Bom, Lira e as barras da lei formam uma questão à parte, externa, fora das negociações exclusivamente políticas nos corredores de Brasília. Não depende dele uma novidade por aí. Só lhe resta esperar (e torcer) por outras decisões favoráveis. A escolha do presidente da Câmara ocorre em primeiro de fevereiro. Falta pouco, mas é tempo de sobra para reviravoltas. Pra garantir os apoios necessários, Lira quer, além do Planalto, a esquerda.

A bancada do PT é alvo da sedução de Lira e do candidato que ainda não tem nome a ser apoiado por Rodrigo Maia. Não será fácil para petistas explicarem uma aliança com o nome de Bolsonaro. Teríamos mais uma demonstração da coerência extravagante do mundo da política. Embora o alagoano já tivesse manifestado a intenção de comandar a Casa, a campanha engrenou esta semana no lançamento oficial da candidatura.

Finalmente, Arthur Lira correndo para o topo mexe com a política alagoana. Do nada, o senador Fernando Collor já lançou o parlamentar como candidato a governador em 2022. Alguma sinalização concreta de uma parceria? Fumaça? Por enquanto, ainda não sabemos. Caso chegue lá, Arthur Lira sobe de patamar na esfera nacional e amplia sua influência por aqui. Neste momento, corre atrás de votos e reza por juízes como Pita Duarte.

NOTA - Estive fora do blog por razões profissionais e particulares. Cumprindo acordo com a direção do CADA MINUTO, retorno a partir de hoje.

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