As eleições municipais 2020 trouxeram uma mudança de comando significativa em três cidades de Alagoas. Pela primeira vez na história, mulheres foram eleitas e vão comandar a prefeitura desses municípios partir do dia 1º de janeiro.

As cidades das vitoriosas foram: Atalaia, Ouro Branco e São José da Laje, todas que nunca foram chefiadas por mulheres. 

Em Atalaia, Ceci Rocha (PSC) foi eleita -junto com uma mulher na vice, Camyla Brasil- a nova prefeita da cidade. Ceci derrotou nas urnas o ex-prefeito Chico Vigário e é a primeira mulher a governar a cidade.

Já em Ouro Branco, Denyse da Dona Telma, do PSB, foi eleita. Em São José da Laje,   ngela Vanessa, do PP, foi eleita e também será pioneira ao comandar o município.

Ao Cada Minuto, a prefeita eleita em São José da Laje contou que estava como secretária municipal de Saúde, mas que o resultado do seu trabalho fez com que ela tivesse apoio dos eleitores.

“Quando estava fazendo campanha, as pessoas diziam: ‘Que bom que agora tem uma mulher!’ E elas me apoiavam”, explicou.

A nova prefeita viu o resultado das eleições como uma grande conquista e destacou que esse aumento da representatividade feminina não está acontecendo apenas em Alagoas, mas em todo país.

“Nós temos capacidade igual a de um homem. Isso não é diferente. O que eu vejo é que as pessoas estão buscando eleger mais mulheres por causa do olhar delicado e social que uma mulher tem”, explicou.

 Angela ainda não assumiu o cargo, mas já tem planos para a cidade: criar novas secretarias, investir em trabalhos sociais e a coordenação de saúde da mulher.

“Estou ansiosa para trabalhar pelo povo e honrar a confiança que cada eleitor depositou em mim. É uma vontade imensa de retribuir”, disse.

O Cada Minuto tentou contato com as outras duas prefeitas eleitas, mas não conseguiu.

Ainda há muito para avançar

A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) disse que, apesar dessas mulheres terem sido eleitas pela primeira vez, ainda há muito para avançar. De acordo com a AMA, a população tem hoje 50,5% de mulheres, mas apenas 12,2% são prefeitas.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o aumento da participação política feminina efetiva, em cargos eleitos, ainda segue abaixo dos 30% estabelecidos pela lei das cotas partidárias, que exige esse mínimo de candidaturas de mulheres. 

As vereadoras eleitas nas 25 capitais foram 13% para 18% do total, em comparação com 2016. Já nas prefeituras o aumento é pequeno se comparado ao último pleito. São 13,5% das candidatas a prefeituras pelo país, e foram escolhidas em 12,2% dos municípios.

Para a Ama, o cenário ainda não é o ideal para as mulheres, mas a cada dia “novas conquistas estão sendo alcançadas. Estamos melhor do que ontem e precisamos melhorar para o amanhã”.

Análise

O cientista político Ranulfo Paranhos fez uma análise sobre o cenário e o número de mulheres eleitas e reforçou a fala da AMA.

Em relação a candidatas do Executivo, Ranulfo disse que os dados de 2016 comparados a 2019 não são muito animadores. “A gente tem aproximadamente 13% das candidatas ao Executivo e esse ano, o número aumentou de 13,5%”. O aumento, segundo ele, é curto. “É como se a gente dissesse que para cada nove homens candidatos, uma mulher é candidata ao cargo de prefeita”.

O cientista político disse que há um movimento pró-igualdade de sexo e na política, e que isso é positivo quando se pensa no ponto de vista social. De acordo com ele, é possível que mulheres passem a ser vistas pelos eleitores com igualdade.

“É possível que isso tenha melhorado com o passar dos anos. Acredito que avançamos nesse sentido. Vai crescendo um pouco e precisamos esperar mais as outras eleições para saber se isso é uma tendência para equalizar o número de mulheres eleitas bem próximo ao número de homens”, reforçou.