A história da última pena de morte legalmente executada no Brasil volta aos palcos em nova versão com o espetáculo “A Última Forca e a Resistência Negra”, que estreia neste sábado (5), às 19h, no Cine Pilarense, em Pilar, com entrada gratuita. A montagem também será apresentada em Maceió, na próxima terça-feira (8), às 19h30, no Theatro Homerinho, no bairro do Jaraguá.
A peça atualiza a tradicional encenação realizada anualmente no município de Pilar, agora reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas, por meio da Lei Nº 9.466/2025, de autoria da deputada estadual, Fátima Canuto. O espetáculo traz uma nova abordagem para a trajetória de Francisco, homem negro escravizado condenado à morte por enforcamento em 28 de abril de 1876, naquela que foi a última execução legal no país.
Para a prefeita de Pilar, Fátima Rezende, a peça reforça a importância do momento histórico para Alagoas e para o Brasil.
“A cultura também é um instrumento de reparação e consciência coletiva. Essa peça nos obriga a refletir sobre os ecos do passado. É uma honra para a cidade manter viva essa memória e fazer dela um instrumento de luta e educação”, afirmou a prefeita.
A apresentação integra a programação da Semana Arthur Ramos, que homenageia o renomado psiquiatra e antropólogo pilarense, reconhecido como pai da antropologia brasileira e um dos grandes pensadores sobre a identidade nacional e a presença do povo negro na formação do Brasil. O projeto conta com o patrocínio da Prefeitura de Pilar e da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).

Sobre a peça
Com texto e direção de Alexandre Gomes, a dramaturgia é baseada em pesquisas da historiadora Hilda Maria Couto Monte, que investigou não apenas os aspectos jurídicos do processo, mas também os movimentos de resistência negra liderados pelos malês, africanos muçulmanos escravizados que atuaram no interior de Alagoas. Documentos, cartas e registros históricos originais que embasaram o espetáculo estão sob guarda do Museu e Casa de Cultura Arthur Ramos, em Pilar, que também se tornou referência sobre o tema.
Para a diretora municipal de Cultura, Ruthnea Camelo, o espetáculo reforça o papel da arte na preservação da memória coletiva.
“Atualizar a peça com novas informações históricas e trazê-la de volta ao palco é reafirmar o nosso compromisso com a consciência histórica do nosso povo”, pontuou.
Com figurinos de Marcelo Castela, músicas originais de Gi Silva e iluminação de Igor Vasconcelos, a produção é assinada pela Cia Teatral Vixe Maria. O elenco é formado por Igor Vasconcelos, Gi Silva, Van Nascimento, Jany Santos, Julien Costa, Luciano Rodrigues e Ton Farias. A classificação indicativa é de 14 anos.