Amor ou dependência?

09/11/2020 12:33 - Encontre-se por Carol Fontan
Por redação
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Amor, superproteção ou dependência? 

Precisamos falar sobre isso

Relacionamentos abusivo, de dependência emocional entre mães e filhos tem aumentado de forma expressiva e considerável, entretanto, de forma sucinta, disfarçada de amor e superproteção. Estaríamos nós vivendo na era de uma “falsa consciência”? Onde exaltamos e lutamos contra alguns comportamentos e outros acontecem diariamente de forma explicita e são taxados de normais perante a sociedade doutrinada a “honrar pai e mãe” enquanto sacrificam a vida de seus filhos em prol de satisfazer os próprios desejos e necessidades não atendidas como a preencher o buraco emocional que lhe assolam no peito.

Existem incontáveis histórias acontecendo com essa sutileza travestida de amor e dedicação e que tiram de seus filhos o direito de liberdade de viver as próprias vidas. Sufocando-os com seu narcisismo e palavras carinhosas de bem querer, obrigando-os a retribuir o tempo e dedicação gasto como uma moeda de troca, se tornando um peso para seus filhos que entram em um conflito emocional e de valores morais. É de uma crueldade sem tamanho, mesmo sabendo que não é propositado e que vem de uma herança abusiva, se não levantarmos uma bandeira de alerta para as consequências que perduram por gerações, não teremos uma ruptura desse padrão "normalizado” através de uma falsa consciência pregada como superproteção.

Após algumas pesquisas realizadas, livros lidos, vídeos assistidos, observações acerca de comportamentos sociais e a minha própria experiência pessoal, pude constatar que esse tipo de mãe são mulheres que tiveram dificuldade em amadurecer emocionalmente para poder ir além e se tornarem disponíveis para seus filhos, engravidaram sem desejo ou levaram a gravidez como tábua de salvação para sua vida. São infantilizadas que invertem os papeis de quem cuida e quem é cuidado no decorrer de toda uma vida de forma abusiva, para que seus filhos cumpram o papel de alivio em suas tensões. 

Projetam em seus filhos suas insatisfações e dificuldades infantis, os privando do direito de serem as crianças. Absorvem seus filhos para servi-las, se colocam como prioridade máxima, exigem de seus filhos a responsabilidade por seu estado emocional e muitas vezes o financeiro.

Esses filhos quando adultos entram em negação sob o comportamento da mãe, e justificam de variadas formas para não entrar em contato com essa verdade inconsciente recalcada, dessa forma fantasiam a realidade e desenvolvem suas neuroses, histerias de forma moderada ou aguda a depender de cada caso. 

Precisam entrar em negação para conviver com essa mãe, afinal estão presos a elas até o final de suas vidas. Se tornam pessoas com necessidades de aprovação extrema, auto nível de exigência consigo mesmo, dificuldades de estabelecer vínculos, alto nível de insegurança, necessidade de reconhecimento exagerado, dificuldade de amar e receber amor, vazio profundo solidão e depressão.

Esse comportamento é mais comum em mulheres, mãe para com seu filho homem, o que me levou a um breve questionamento, não de ser um “complexo de Electra invertido”, mas de conter fatores semelhantes, desencadeantes desse tipo de comportamento? 

Temos uma imagem formada do que é ser mãe e o que foge disso é evitado falar é tido como tabu, nem toda mãe é boa e causam estragos permanentes em seus filhos. 

Filhos não substituem amores ou casamentos, filhos não tapam buracos emocionais, filhos não servem e nem têm a missão de cuidar dos pais na velhice, você o gerou e não é dona. Assim como uma árvore não come seus frutos, uma mãe não possui seu filho. Não cobre amor de volta, nesse caso não era amor, ao não ser o amor próprio. 

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