Quitéria é  uma mulher preta, idosa, que internalizou-se na rua.  

E Quitéria mora nas ruas,faz um tempo  folhinha , bem  ali nas  imediações da lagoa da Anta, em um bairro nobre da capital turística, Maceió.

A capital Maceió , apesar de toda propaganda cheia de bonitezas tem uma imensa população marginalizada, preta, pobre e invisível, assim como Quitéria.

Essas gentes pretas, jogadas no vão da história não  interessa, ao povo paladino da justiça. Só se virar hashtag.

Quitéria tem o vício do álcool e o álcool tem desestruturado toda trajetória dela. Ao reencontrar a mulher percebi o quanto o tempo e a exposição ao abandono tem  embrutecido sua fisionomia, o  rosto descama pele morta pelos excessos nas ruas.

Quitéria já não tem mais o  riso farto. Traz um inchaço no organismo e o cansaço d'alma.

Porque como seres sociais tecemos tantos elogios quando governantes  constroem parlelepípedos,mas, ignoramos ,invisibilizamos as políticas públicas para  gentes como Quitéria, como se fossem  incômodos na invenção da sociedade próspera e perfeita que criamos, em nossa conveniente imaginação política?

Somos seres sociais que alimentamos a hipocrisia da felicidade familiar, de grupos próximos como se fosse algo real, coletivo.

Afinal, quem somos nós, que de verdade-verdadeira não nos importamos nadinha, com gente como Quitéria,  preta,idosa, alcoóltra que mora nas ruas.

Como foi seu domingo, hoje?