Obaluiaye avisa que a sociedade está doente e que adoece porque se esqueceu do valor da vida-coletiva.

10/08/2020 19:29 - Raízes da África
Por redação
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Babalorisa Sidnei Barreto Nogueira de Sàngó,escreve:

'Obaluayê não é só o senhor da cura pela restauração da doença. Obaluaiye não é uma maldição. Obaluaiye é a própria doença [que permite a restauração]. A doença necessária para que não haja morte prematura. Obaluaye é a febre, a ferida, a alergia porque para que haja empatia é preciso sentir no próprio corpo o que o outro sente ou pode sentir. É desrespeitoso pedir saúde ao Òrìṣà - doença. A ele pedimos que se acalme e que não haja mais doenças - "Ko sí arun." No Ocidente é impossível crer que a doença é algo bom e necessário, mas é. A doença pede respeito, cuidado, proteção. A doença é um alerta. Sim. Nós temos uma divindade - doença e, se não a tivéssemos, seríamos todos bestas das mais violentas prontas para matar e morrer prematuramente e sem sentimentos ou empatia. A doença - Obaluaiye nos ensina o valor da vida. O valor do cuidado com a saúde, o valor do ser-humano e do criador e dos Òrìṣà que nos habitam. Obaluiaye pede respeito. Obaluiaye avisa que a sociedade está doente e que adoece porque se esqueceu do valor da vida-coletiva. Não é Obaluaye quem decide quem pode viver e quem pode morrer. É justamente isso que o Deus-doença quer evitar. Ele é um sábio. Ele é o senhor da igualdade. Ele pede respeito pela vida de todos. Ele mata e come - O pá ní jẹ. Ele quer silêncio - atoto! É hora de aprender a lição."

Fonte: Babalorisa Sidnei Barreto Nogueira de Sàngó, Professor Dr. em Semiótica e Lingüística Geral pela Universidade de São Paulo, especialista no discurso racista e totalitário, em línguas africanas e em língua portuguesa.

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