Da série: histórias da preta.
Um dia meu pai, um cabra valente nascido no interior das Alagoas, em Matriz de Camaragibe e fugido do corte de cana nas roças opressoras, me bateu com um cabo de vassoura, até quebrá-lo em minhas costas. Eu tinha 15 anos. Apanhei calada. Quando ele terminou o descarrego da fúria, alertei-o que seria a a última vez que ele me bateria.
Foi!
Naqueles tempos , com o machismo gritando a plenos pulmões, essa era a forma que os mais velhos entendiam de "como educar filh@s", mas, chegou o tempo que meu pai percebeu que a força motriz que havia em mim gritava pra ser pessoa, e que não poderia ser sufocada por muito mais tempo.
Chegamos a um acordo de paz e ele passou por um auto processo de reeducação afetiva e o tempo, o nascimento e convivência com net@s trouxeram algodão doce, adoçaram o coração do meu pai.
Meu pai está morto, agora.
Eu, ainda amo meu pai.