Covid-19, cloroquina, Bolsonaro, charlatanismo e intimidações contra médicos

28/07/2020 10:40 - Voney Malta
Por redação

Considerado conservador e tradicional, o Estado de S. Paulo vem surpreendendo com análises e críticas ao governo conservador-liberal-religioso-reacionário-militar e negacionista chefiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Nesta terça-feira (28), o editorial intitulado "O efeito do charlatanismo" - ‘As pessoas não querem saber de pesquisa científica. Só do que o Bolsonaro tomou’, é contundente ao revelar pesquisa feita pela Associação Paulista de Medicina que mostra que 48,9% dos quase 2 mil profissionais de saúde entrevistados em todo o País disseram ter sofrido pressão de pacientes ou de parentes de internados para receitar remédios sem comprovação científica contra a covid-19.

O texto destaca que "Os médicos também reclamam de intimidação nas redes sociais quando descartam o uso desses remédios, em especial da cloroquina, cuja eficácia no combate à pandemia já foi amplamente desqualificada. Há quem relate ter sofrido até ameaças de morte".

A politização da pandemia por parte de Jair Bolsonaro é uma estatégia da parte dele "Preocupado com os efeitos da crise sobre sua popularidade, o presidente agarrou-se à cloroquina como panaceia – e passou a tratar os médicos e as autoridades que questionaram a eficácia da droga como adversários políticos", explica o editorial.

"Como consequência disso, os médicos e as autoridades que decidem seguir a ciência e não o palpite presidencial são acusados de fazê-lo por oposição ao presidente e, no limite, porque esperam o agravamento da crise para prejudicar Bolsonaro. É o charlatanismo elevado à categoria de política de Estado para a área da saúde".

O exemplo desse charlatanismo político é a declaração dada ao Estado pela médica intensivista Bruna Lordão, de São Paulo, que pediu demissão de um hospital após enfentar grave constrangimento: “Sei que é um momento complicado, entendo a agonia e a angústia das pessoas, mas começaram a me chamar de assassina porque eu não tinha usado cloroquina no tratamento. As pessoas não querem saber de pesquisa científica. Elas só querem saber o que o Bolsonaro tomou. Foram certamente os piores momentos da minha carreira.”

Leia o editorial aqui na íntegra.

 

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