Vagner Fernandes, jornalista, pesquisador e escritor carioca, escreve sobre empatia:
"Não dá para falar de enredo de escola de samba, não. Não dá para falar de Brasileirão e campeonato carioca, não. Não dá para fazer live de São João com patrocínio da Britânia e da Riachuelo, não. Não dá para falar de Réveillon, não. Não dá para discorrer sobre Carnaval, não. Chegamos aos 50 mil mortos. Logo, logo alcançaremos a marca de 56 mil, a capacidade de lotação do Sambódromo carioca, cálculo que eu fizera e informara em algum post anterior. Não é possível que não consigamos compreender a necessidade de uma ampla e irrestrita frente de solidariedade e informação na maior tragédia que já se abateu sobre o Brasil. Nesta propagação célere de transmissibilidade do vírus a gente vai beirar as 100 mil mortes, ou mais, mole. Se Deus sempre foi brasileiro, provavelmente saiu de cena nestes últimos tempos para testar-nos se somos capazes de fazer a nossa parte daqui debaixo também. Está provado que não. Quem quiser continuar cantando e se divertindo à frente da Tv e dos smartphones, enquanto morre gente aos lotes país afora, que o faça. Eu permanecerei fora disso. Não tem absolutamente a ver com ranzinzice, mau-humor. Eu só não consigo aplaudir a abertura do JN, com o Bonner e a Renata Vasconcelos fazendo um obituário de 50 mil compatriotas e depois lançar mão de um drinquezinho ou um churrasquinho no meu isolamento. Mas cada um vive a desgraça como bem lhe convier."
Fonte: Facebook do Vagner Fernandes