Na pandemia, o isolamento total em Alagoas

03/05/2020 02:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Alagoas está a um passo de entrar em lockdown – o isolamento total por causa do novo coronavírus. Em entrevista à TV Gazeta na noite deste sábado, ao vivo, o governador Renan Filho praticamente confirmou que a medida radical será adotada no começo desta semana. Ele vai prorrogar os efeitos do decreto que restringe as atividades da economia e o deslocamento de pessoas. E, pelo que disse, a restrição vai aumentar. A decisão decorre da previsão de subida nos casos da doença e no número de mortes.

O temor mais forte é de colapso na capacidade de hospitais e unidades que atendem os pacientes com a Covid-19. Disse o governador ao ALTV: Nós estamos vivendo no estado de Alagoas uma situação muito delicada... Nós vamos endurecer as medidas para que, até o dia 15 de maio, o estado esteja pronto para oferecer mais leitos, oferecendo ao cidadão a condição de se tratar.  

O repórter Douglas França perguntou diretamente sobre um eventual fechamento total. Renan Filho não cravou, como disse antes, mas deu pista segura de que essa possibilidade está na mesa: Há possibilidade de fechamento completo, de lockdown. Mas nós estamos ouvindo a todos neste momento. Ele citou o prefeito Rui Palmeira e a comunidade médica como interlocutores.

É certo portanto que teremos medidas mais fortes no monitoramento da população e das atividades econômicas. No fim da entrevista, o governador deixa isso claro e reforça a intenção de ampliar o alcance do decreto estadual: O que é fundamental dizer é que o estado precisa ampliar o isolamento social para a gente oferecer mais leitos e estar mais preparados para atender o cidadão.

O governador lembrou ainda que, caso as medidas não sejam adotadas, em escala maior do que atualmente, Alagoas corre o risco de passar pela situação que outros estados já vivenciam. Ele não citou, mas poderia ter citado o panorama no Amazonas, no Pará e no Maranhão. Nessas regiões do país, as cenas são pavorosas, numa calamidade que também afeta a dignidade de vítimas e famílias.

O aperto no controle das ruas, digamos assim, se dá após a flexibilização adotada duas semanas atrás. Lojas de veículos, livrarias, bancas de revistas e alguns outros negócios foram liberados – sob a obediência de regras. O fechamento total, suponho, anula a tolerância com os setores que haviam sido reabertos. A ver como reagirá o empresariado, desde sempre na pressão para reabrir tudo.

Penso que a decisão do governador parece combinar com as melhores recomendações da ciência e da medicina. A pandemia, ao contrário do que pensam Bolsonaro e sua seita, é uma terrível ameaça a todos nós. Os governantes responsáveis seguem o que vem sendo adotado praticamente em todos os lugares do mundo. No Brasil, o governo federal atrapalha o tempo todo, sem um minuto de trégua.

Aliás, é uma desgraça que o país seja caso único no mundo no meio da crise sanitária que mata milhares de pessoas. Somente aqui a delinquência de políticos – e até de autoridades de saúde – se mete desse jeito no meio do drama de uma pandemia. O governador, como não poderia deixar de ser, até agora passa longe dessa presepada – ainda que seja alvo de ataques nada republicanos.

Apesar de tamanha mobilização nos quatro cantos do planeta, a verdade é que ninguém sabe quando e como tudo isso vai acabar. O desafio é inédito desde a grande gripe de 1918. Também por essa razão é inaceitável, além de criminosa, a postura dos negacionistas – que vão de alienados a lideranças políticas como o próprio Bolsonaro. Por esse atalho diabólico, chega-se ao cemitério.

Se tentamos manter a paz diante da estranha experiência de ficar em casa – compulsoriamente –, então vamos precisar um pouco mais de paciência. As dicas estão na internet, na TV, no jornal e no rádio. De meditação a música na janela lateral, tem de tudo pra você barrar o tédio e viajar. O importante é pensar e agir com responsabilidade  em nome da sua vida e da vida do outro.

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