Não diferente de outros setores, o ramo artístico também está sendo diretamente afetado com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Buscando auxiliar os profissionais da arte que não têm como arrecadar recursos sem shows e eventos, o Governo de Alagoas lançou um edital que destina cerca de R$ 300 mil para artistas locais e festivais online.

O valor da quantia dividiu opiniões. Para quem depende do dinheiro, é pouco. Para pessoas que analisam apenas a necessidade de investir em saúde, é mais do que o necessário.

A manifestação de algumas pessoas que reprovam a atitude do Estado está baseada no argumento de que, nesse momento, todo e qualquer recurso deve ser investido apenas no combate à Covid-19. Mas, se o lado social também for levado em consideração, a arte de forma geral desempenha uma função imprescindível nesse momento de isolamento social. As lives e outras maneiras de proporcionar cultura têm feito muito sucesso.

Fernanda Guimarães, cantora alagoana, usou as redes sociais para rebater posicionamento das pessoas que criticaram o governador Renan Filho pelo dinheiro destinado à Secretaria de Cultura.

“Quem tem cargo público, ou se propõe a ter, tem uma responsabilidade oratória dez vezes maior do que o cidadão comum. Tendo isso como premissa, por gentileza, atentem ao seguinte: ter o cuidado com o que se diz, com o que se incita, é uma obrigação da categoria política, bem como a da minha, que tem voz e microfones em punho! Promover cultura é promover economia em inúmeros âmbitos! Leva ao entendimento da nossa categoria como algo de menor valia”, disse Fernanda em sua rede social.

Em concordância com o discurso da colega de categoria, a cantora Natalhinha Marinho afirmou que, mesmo sendo uma iniciativa importante do poder público, o edital ainda não é suficiente para conseguir manter um artista e as pessoas com quem ele trabalha.

“Embora seja esse valor tão alto na opinião da sociedade, na divisão é pouco para cada artista. Por exemplo: são R$700 para voz e violão, R$1,5 mil para banda com até seis pessoas, R$ 1 mil para teatro, e isso ainda sofre os abatimentos e toda burocracia para que você possa ser contemplado”, explica Natalhinha.

Mesmo com um alto consumo de cultura, seja por lives, filmes, teatros ou outras vertentes, ainda existem pessoas que acreditam que a arte seja algo dispensável nesse momento de isolamento social.

“O problema é que nesse momento queremos mais saúde e muita gente acha que a saúde está ligada tão somente às instituições como hospital, que são de extrema importância sim, mas a saúde mental também. Se não fosse através da arte estaríamos de certeza muito mais enlouquecidos e isso afetaria mais a nossa saúde física, que já está fragilizada e afetada”, completou  a cantora.

*Sob supervisão da editoria