Revista Veja banca demissão do ministro Henrique Madetta “nesta semana”

15/04/2020 01:18 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Em texto publicado na noite desta terça-feira 14/04 no site da revista Veja, o jornalista Robson Bonin banca a informação de que o ministro Henrique Mandetta (foto) será demitido pelo presidente Jair Bolsonaro ainda esta semana. Segundo a publicação, o titular da pasta da Saúde deve cair entre esta quarta e a sexta-feira próxima. Consta que a entrevista do ministro ao Fantástico do último domingo foi definitiva para o chefe do governo decidir pela demissão. Seria o desfecho de uma situação de fato insustentável.

A relação entre Bolsonaro e Mandetta rachou definitivamente quando ambos seguiram em direções opostas ao avaliar a adoção de isolamento social no combate à pandemia do novo coronavírus. Enquanto o ministro segue o que recomenda a Organização Mundial da Saúde, Jair Messias vai passeando pelo comércio de Brasília, entrando em padaria, lanchonetes e outros estabelecimentos.

Enquanto o ministro ressalta os cuidados para evitar aglomerações e contatos, Jair Messias cumprimenta idosos no meio da rua – não sem antes limpar as mãos no nariz. O sujeito é um agente de contágio ameaçando, livremente, a saúde das pessoas. Por isso tem de ser contido – em nome da razão e da vida. Mas vamos ler o que diz a Veja sobre a demissão iminente do senhor Mandetta:  

Com o apoio da ala militar, que já reconhece a incompatibilidade de Jair Bolsonaro com Luiz Henrique Mandetta, o martelo foi batido no Palácio do Planalto. O ministro da Saúde será demitido nesta semana. A exoneração deve ser anunciada entre esta quarta e a próxima sexta-feira. Em sigilo, o próprio Mandetta e seu time já esperam pelo fim. Seguem trabalhando formalmente, mas já sentindo o cheiro de queimado.

O jornalista da Veja diz que a exoneração de Mandetta foi confirmada a ele “por interlocutores diretos do presidente”. O panorama geral mostra como o governo brasileiro trabalha firme para agravar o que já é uma calamidade. Diante do gigantesco desafio de conter uma pandemia, perde-se tempo com ações e palavras delinquentes – e tudo para contemplar a politicagem governista.

Não vamos perder tempo com especulações sobre candidatos ao posto do ministro quase defenestrado. São figuras irrelevantes. Basta dizer que o mais afoito para pegar a cadeira é o deputado Osmar Terra, que até um dia desses era ministro da Cidadania. É um deprimente exemplar do que há de pior na seita bolsonarista: inculto, propagador de fake news, ultrarreacionário.

A troca de titular no Ministério da Saúde tem tudo para tumultuar ainda mais as coisas. Se um novo ministro seguir o bom senso, a OMS e a ciência, alimentará os mesmos conflitos que Bolsonaro tem com o atual ocupante do cargo. Se adotar os princípios insanos e criminosos do presidente, pode aprofundar a crise a níveis mais perigosos. Como parece claro, o horizonte não é nada tranquilizador.

As complicações da crise política tendem a ficar mais explosivas se nada for feito na direção contrária à esculhambação governista. Como já falei em outros textos, o papel das instituições – e sobretudo a atuação do Legislativo e do Judiciário – é fundamental para o país escapar do colapso geral.

A esta altura do vendaval, toda a imprensa dá como absolutamente certo que o destino de Luiz Henrique Mandetta está selado. Mas, até por esta razão, o zelo com a informação não pode ser negligenciado. O jornalista da Veja crava que sai a demissão até sexta. Se não rolar, é falha grave.

Em O Globo, também na noite desta terça, o colunista Lauro Jardim vai na mesma linha, mas com um título prudente: “Bolsonaro promete demitir Mandetta”. Segundo ele, o presidente confidenciou a decisão a “uma pessoa de sua confiança”. E acrescenta o jornalista: “Há de se ver para crer”.

Ao contrário de O Globo, o título da matéria no site da Veja não deixa margem para ressalvas ou ponderações: “Com apoio da ala militar, Bolsonaro vai demitir Mandetta nesta semana”. O jornalismo nestes dias de guerra produz um tesouro para debates e estudos. Mas esta é outra história.

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