Troca-troca de partido na pandemia

09/04/2020 16:19 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Não tem pandemia capaz de arrefecer as maquinações político-eleitorais. A julgar pelo noticiário, foi uma agitação infernal nos últimos dias, quando o prazo para filiação partidária ia chegando ao fim. Do mesmo modo, a janela para troca de partido ia se fechando – com um intenso intercâmbio entre nomes próprios e siglas de todas as tendências. Segundo o CM, a maioria dos vereadores na Câmara Municipal de Maceió mudou de endereço, deixando para trás a casa pela qual conquistou o mandato.

A data fatal foi 4 de abril, o sábado passado. Ainda houve uma tentativa de prorrogar o prazo, numa ação movida pelo Progressistas, que alegou justamente problemas decorrentes da crise provocada pelo coronavírus. Não colou. A ministra do STF Rosa Weber negou o pleito. Segundo ela, esticar os prazos do calendário eleitoral resultaria em prejuízos irreparáveis ao equilíbrio de forças.

Deu a lógica. Caso aceitasse os argumentos do partido, a ministra, que está encerrando seu mandato na presidência do TSE, estaria sinalizando, quem sabe, para a hipótese de adiar as eleições de outubro. Mas essa encrenca terá um desfecho logo mais, em dois meses aproximadamente, quando o TSE estará sob o comando no novo presidente, que será o muitas vezes fanfarrão Roberto Barroso.

Soube-se que, na vereança da capital, ao menos uma negociação entre legendas quase virou pancadaria. Foi o que imaginei pelas narrativas publicadas em diferentes sites. Mas a coisa ficou mesmo no campo dos elogios, com alguma gritaria, segundo relatos anônimos. Pensando bem, até que não foi nada demais. Houve um tempo em que um conflito desses perigava bater no cemitério.

Ainda bem que estamos em outra época, com um pouco mais de freios para deter impulsos de barbaridade. Mais ou menos por aí. O convencimento não pode ser obtido pela força. Na outra ponta, não menos deplorável, apenas de outra natureza, entra em campo o peso descomunal da grana.

(Mas isso não é o eixo e nem a motivação deste texto. O objetivo seria formular alguma ideia sobre o troca-troca de partido no parlamento municipal). Segundo o CM, o MDB é o grande beneficiado pela transferência de vereadores, formando a maior bancada na Câmara, agora com oito nomes.

Na verdade não temos lá muita novidade nesse emaranhado. Velhos sobrenomes, de longa presença na política alagoana, se reapresentam repaginados até aonde isso é possível. Estão prontos para reafirmar uma tradição. É um panorama pouco inspirador, eu diria. E sempre pode ficar pior.

E Heloisa Helena está de volta. Anuncia que será candidata a vereadora pela Rede, o partido de Marina Silva. Ela já exerceu mandado na Câmara da capital e tenta retomar a militância a partir, de novo, do que vamos chamar de base do eleitorado. Está com Ronaldo Lessa para prefeito de Maceió.

Retomando o que o primeiro parágrafo ensaia, a pandemia não barrou encontros festivos em municípios do interior. Para celebrar acordos, prefeitos e caciques paroquiais formaram pequenas multidões em casas de eventos, casarões e fazendas. O que importa é a pescaria de voto.

Como já escrevi aqui, o extrovertido Luís Roberto Barroso, que assume o TSE nas próximas semanas, disse que até junho estará decidido se as eleições estão garantidas para outubro. Se a crise da Covid-19 impedir que isso ocorra, começa o debate sobre uma solução consensual. Temos de esperar.

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