Poderes da República enquadram Bolsonaro – e presidente tem de engolir ministro

06/04/2020 23:42 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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O presidente queria demitir o ministro da Saúde. Bolsonaro está por aqui com Luiz Henrique Mandetta. Os dois não se entendem quanto às medidas restritivas no combate ao novo coronavírus. E nem poderia ser diferente diante das posições tresloucadas defendidas pelo chefe da nação. A situação deixa o capitão ainda mais isolado. Refém dos militares, sob a vigilância rigorosa do STF, ele também não tem força contra o Congresso Nacional. Legislativo e Judiciário barram as sandices do incapaz do Planalto.

A crise que explodiu com a pandemia de Covid-19 foi o lance que faltava para que os outros dois poderes da República enquadrassem Jair Messias. Estamos vendo na prática um movimento raro na política, que não se via desde não sei quando. Se pensamos nas últimas décadas, nada parecido com isso ocorreu nos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma. Bolsonaro manda, mas não manda tanto.

Nesta segunda-feira, o presidente recebeu o recado direto e sem meias palavras: se tomar decisões que contrariem as orientações das autoridades de saúde, haverá reação. Ou seja, aquele decreto que Bolsonaro disse estar pronto, para acabar com o isolamento social, não tem chance. Qualquer presepada como esta será anulada no parlamento. O mesmo ocorrerá em caso de ação na Justiça.

Mas eu comecei falando do ministro Mandetta. A temperatura chegou a níveis de fervura depois que Bolsonaro insinuou a demissão iminente do titular da Saúde. Aliás, foi mais um desses episódios que entram para a lata de lixo da História. Parecendo um maloqueiro cercado por sua patota, o presidente se referiu ao ministro nestes termos: “Vai chegar a hora deles, porque minha caneta funciona”.

Como classificar um troço desses? Isso lá é postura de um presidente?! O jeitão acanalhado atesta – como se ainda fosse necessário – que elegemos a escória para comandar o país. Não é do nada que o mundo civilizado despreza o sujeito de maneira enfática. Bolsonaro é uma vergonha para o Brasil.

E ficamos numa situação que nem a velha comparação ao surrealismo dá conta. O presidente diz que tem a caneta e pode demitir quem quiser, a hora que bem entender. Mas tem de engolir o ministro que o desafia abertamente – fazendo o que tem de fazer mesmo, é bom deixar claro.

Com a mente perturbada desde sempre, ligado a bandidos de milícias cariocas, sócio de esquemas com rachadinhas & Queiroz, Bolsonaro é o que é: um brucutu que celebra a tortura, uma nulidade na política há três décadas, um desqualificado para qualquer posto. Mas está aí pelo voto.

Se a democracia permite que um jumento como este seja presidente da República – porque chegou lá pelas regras do jogo –, então que as instituições funcionem a contento: devem blindar o país dos atos criminosos que possam aparecer. E foi esta a mensagem que chegou ao nosso “estadista”.

Mandetta fica até o fim da crise da Covid-19. É o saldo de um dia que foi mais louco do que a gente poderia imaginar. Mas, claro, a coisa sempre pode piorar, ainda mais quando se trata da quadrilha miliciana que governa o país. O ministro está no cargo, mesmo contra a vontade do dono da caneta.

Um ano e três meses de mandato, mas parece que Bolsonaro está aí há muito mais tempo, dado o descomunal estrago que ele já provocou em todas as áreas da vida brasileira. Cedo ou tarde, vamos superar esta porcaria que envenena tudo o que toca. Por enquanto, fiquemos alerta. E em casa.

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