Candidato a prefeito de Maceió, Alfredo Mendonça rompe com bolsonaristas

08/03/2020 19:17 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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A candidatura a prefeito de Alfredo Gaspar de Mendonça (foto) era a aposta mais fácil das últimas décadas na política alagoana. Se ainda havia algum suspense quanto a isso, a coisa foi sacramentada na semana que passou, quando o virtual candidato renunciou não apenas ao cargo de procurador-geral de Justiça mas à carreira no Ministério Público. Falta somente escolher um partido para se filiar. A campanha para a prefeitura de Maceió promete ser duríssima, com pelo menos três ou quatro nomes vistos com potencial.

Como se sabe, além de Alfredo Mendonça, estão no páreo o deputado federal João Henrique Caldas e o ex-governador Ronaldo Lessa. Fora estes, há firulas em torno do deputado Davi Davino Filho, do ex-prefeito Cícero Almeida e de outras figuras menos badaladas. O ex-chefe do MP tem tudo pra cair em campo com um duplo apoio de peso – o prefeito Rui Palmeira e o governador Renan Filho.

Na Gazeta deste domingo, Alfredo Mendonça comenta o cenário em entrevista ao repórter Marcos Rodrigues. Cuidadoso para não antecipar decisões e nem tumultuar negociações em andamento, ele deixa pra lá de evidente que está tudo certo na costura com Palmeira e Renanzinho. Entre os pontos ainda em aberto no acordo está o nome do candidato a vice. Não parece algo complicado.

Um dado concreto da realidade objetiva: ao sair candidato num acordo com Rui Palmeira e Renan Filho, Alfredo Mendonça perde o apoio do “núcleo duro” do bolsonarismo em Alagoas. Diria que isso representa um ganho para o candidato. E por que fanáticos da seita do Jair não fechariam com o ex-procurador? É que, no MP, Mendonça vestiu a camisa dessa patota, que, agora, se sente “traída”.

Até um dia desses, perturbados da cabeça que bajulam o presidente amigo de milícias estavam em campanha por Alfredo Mendonça para prefeito de Maceió. Essa falange via no então procurador a encarnação de Deltan Dallagnol e Sergio Moro – e tudo o que esses cretinos representam. Eles se venderam como paladinos do combate à corrupção, mas são corruptos que fraudaram as leis.

Foi o próprio então chefe do MP que alimentou as feras do bolsonarismo alagoano. O discurso do prendo e arrebento cai bem para os que celebram o mundo miliciano e truculento da família Bolsonaro. A escolha de Mendonça fecha as portas pra gente como Flávio Moreno, Cabo Bebeto e outros arrivistas que a “nova política” trouxe dos pântanos da irrelevância. Buscam outro “caveira”.

Essas porcarias da direita mais extrema – embora nesse balaio o termo ideologia seja apenas uma estupidez – chegaram a criar espaços de apoio a Mendonça nas redes sociais. E tudo o que eles mais querem é um troglodita no comando. Como disse, agora estão à procura de um nome substituto.

Na entrevista à Gazeta, o virtual candidato é estimulado a falar sobre combate à corrupção. Tudo bem, é o discurso fácil dos justiceiros, tem sempre um apelo para os desavisados. Mas Alfredo Mendonça está a caminho de uma eleição para prefeito de uma capital, e não para o posto de xerife.

O cargo de secretário de segurança, do qual o ex-procurador foi titular, tem demandas específicas, restritas a um campo de atuação na vida pública. Administrar uma cidade é coisa muito mais complexa, com desafios mais amplos, que vão além da retórica falaciosa do caçador de malfeitores.

Pelo visto, Alfredo Mendonça percebeu que a via bolsonarista era uma roubada. Agora, como postulante pra valer ao cargo de prefeito, terá de fazer escolhas digamos um tanto mais civilizadas. O calendário eleitoral vai se apertando, o que exige decisões imediatas. As partes aceleram o desfecho.

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