Fui gerada em um útero preto , criada dentro da pobreza digna, aquela que tece valores e mostra espelhos dos caminhos lúcidos, sem a perdição das facilidades cotidianas.
Aluna exemplar da escola pública. Amante de livros e leituras, escrevente de textos desde a infância. Comecei a ganhar concursos de poesias ainda adolescente. A palavra tem o poder substantivo de alicerçar caminhos . Fiz o magistério, logo depois cursei Letras-Português-Francês. Graduou-se no curso superior aos 22 anos. Tem especialização em Literatura e em projetos e programas de combate ao racismo.
Fui professora, concursada, em escola pública.
A militância foi desperta aos 15 anos, a partir do racismo que aguçou e pediu uma tomada de posição. Vestiu-me de mulher preta.
Foi na escola que descobri o o racismo medonho por conta do cabelo taxado de 'cabelo de bombril". Por conta da pele.
Fui criança preta sem par nas danças infantis da escola, ou mesmo no baile de formatura, pois, meninos se envergonham de estar ao lado.
Foi uma longa cruzada em busca do ser pessoa, pertencer a um universo de auto-estima. O racismo vai minando as forças do povo preto tentando nos invisibilizar e diminuir socialmente.
Tentando fazer com que voltemos para as senzalas imaginárias. São experiências inesquecíveis, impregnadas n"alma e que fizeram brotar a força da reação: tornei-me militante.
Mãe solo de uma moça muito linda, corajosa e publicitária.
Tia apaixonada do Dêdei!
Bisneta da Engraça Maria da Conceição, neta da Maria Augusta Barros e filha da Alda Barros.
Pretas ancestrais.
E filha do Seu Antonio, o mestre funileiro.
Mestra em caçar caminhos estratégicos de mudança para o povo preto.
Eu sou, Arísia Barros, mulher preta com nome e sobrenome.
Simples, assim.

Raízes da África