A eleição à prefeitura de Maceió e a quase aliança entre Renan Filho e Rui Palmeira

28/02/2020 01:20 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Em texto do último dia 23, escrevi que a sucessão do prefeito Rui Palmeira estremece as relações entre lideranças partidárias como não se via desde muito tempo. Quatro dias após a digressão, o noticiário confirma que o quadro é cada vez mais agitado. Do mesmo modo, informações e comentários de colegas jornalistas, aqui no CADAMINUTO e na concorrência, reforçam o diagnóstico de tensão e suspense naquilo que chamamos – vaga e solenemente – de “bastidores da política”. Não sei se fui bem claro.

O nervosismo em torno da eleição para a prefeitura de Maceió tem um ingrediente que, até poucos meses atrás, não fazia parte do mundo real. Refiro-me, é claro, à desfiliação de Rui Palmeira dos quadros tucanos. Ele estava no PSDB desde 2009. O mandatário da capital já anunciou que voltará às urnas em 2022, quando deve brigar pelo governo de Alagoas. O roteiro até lá, porém, é nebuloso.

O ensaio de uma aliança entre Rui e o governador Renan Filho na eleição deste ano provoca o maior alvoroço. A dupla pode selar um acordo e lançar como candidato a prefeito o atual chefe do Ministério Público Estadual, Alfredo Gaspar de Mendonça. Tenho uma vaga ideia de como andam tais negociações. Adversários até ontem, os dois estariam muito próximos do entendimento.

Os deputados estaduais Davi Maia, do DEM, e Davi Davino Filho, do Progressistas, ficaram agastados com as notícias da iminente parceria entre prefeito e governador. Maia é oposição pela oposição, não importa o que o governo estadual apresente. Até agora é um nome aliado a Palmeira – e não passa um dia na vida sem trombetear contra o governador. Por isso, o rapaz está revoltadíssimo.

O caso de Davino Filho é mais ou menos de outra ordem, por uma razão particular: ele mesmo gostaria de ser candidato a prefeito. Para viabilizar essa aventura, em situações normais, teria o apoio do tucano que agora não é mais tucano. Contaria também com o DEM, o partido do nervosinho Maia, que é controlado em Alagoas pelo ex-deputado Thomaz Nonô, secretário de Saúde na prefeitura.

A confusão terá desdobramentos ainda insondáveis. É que a posição de Rui Palmeira, agora, é de quase rompimento com ao menos uma parte de seu grupo político. Certamente haverá estragos em mais de um partido, envolvendo expoentes da cacicada alagoana. O gesto do prefeito chacoalha e inquieta, ao mesmo tempo, amigos e inimigos. Além do mais, os prazos estão correndo sem parar.

O fator 2022 terá um peso determinante naquilo que sair de todas essas jogadas e negociações. Não é que seja uma novidade – afinal, no Brasil, uma eleição puxa a outra, a cada dois anos, numa espiral muitas vezes fora da lógica. Renan Filho, o senador Fernando Collor e Rui Palmeira talvez sejam os três personagens com mais razões para pensar na disputa de daqui a pouco menos de três anos.

Digo isso porque a trinca terá de encarar as urnas, a não ser que alguém aí decida ficar sem mandato – o que não está no radar de nenhum deles. Mas, seja por isso ou por aquilo, o que está pegando nestes dias é a encrenca para definir os candidatos ao comando de Maceió. Em poucos dias o quadro terá um desenho mais definitivo. E isso passa, obrigatoriamente, por Rui e Renan Filho.

Os estressados com a virtual aliança entre prefeito e governador pressionam seus partidos, recorrem aos padrinhos e esperneiam vigorosamente. Na verdade, isso é o que se passa na tropa que vem acompanhando Rui Palmeira nos últimos anos. Davi Maia, por exemplo, apela à direção do DEM para “proibir” o eventual acordo com o MDB de Renan Filho. Nonô, o mandachuva da sigla, ainda vai falar.

Enquanto isso, Alfredo Gaspar de Mendonça, ainda no cargo de procurador-geral de Justiça, deu uma mergulhada – pelo menos é minha impressão. Uma certeza ele tem: virou o nome incontornável como candidato dos sonhos de grupos de peso na política alagoana. E, exatamente por isso, sabe que, no caso de topar a candidatura, entra na corrida em condições para brigar nas cabeças.

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