Bolsonaristas da “direita alagoana” mandam um “foda-se” para a democracia brasileira

27/02/2020 11:23 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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A “direita alagoana” é uma comédia. Por obrigação profissional, muito raramente faço um tremendo esforço para encarar as redes sociais dessa gente esquisita. É uma forma de ficar por dentro do que nossos “conservadores” e “cristãos” andam aprontando. Ainda bem que não preciso desperdiçar muito tempo nessa operação – porque é tudo tão previsível, repetitivo e pueril, que bastam alguns minutos, e pronto: constato que os cidadãos de bem e as senhoras do lar não têm mesmo salvação.

Claro que, nos últimos dias, o esporte preferido da turma foi esculhambar o Carnaval. Para quem não sabe – e isso tem origem misteriosa –, parece que um dos requisitos para ser da direita extrema, no Brasil, é declarar ódio à festa mais popular do país. Alguém aí sabe explicar de onde veio esse, por assim dizer, parâmetro ideológico? Suspeito que seja um cacoete fruto de imitação abobalhada.

Que imitação é essa? Se os mestres elegem a pistola e o fuzil como bandeiras da política, então os discípulos saem por aí macaqueando, com suas patinhas, o gesto de atiradores. Se os mestres só pensam naquilo, os discípulos mostram uma comovente fixação na sexualidade alheia. Se os mestres pregam que feminicídio não passa de mimimi, os discípulos se revelam na misoginia.

A papagaiada aparece em todos os níveis e alcança todos os temas e modos de comportamento. Os mestres dessa frente reacionária gostam de recorrer a palavrões para defender suas ideias. Então os rapazolas caçadores de comunistas se engajam na proliferação de mensagens pornográficas. Logo eles, tão preocupados com a moral e os valores da sagrada “família brasileira”... Como assim?!

Nessa linha escatológica, vejam que o protesto convocado para 15 de março tem um título autoexplicativo – é o “Dia do Foda-se”. A hipocrisia é uma das manifestações mais vagabundas dos que se vendem como exemplos de patriotas. (Um parêntesis: como se sabe, os fanáticos pelo miliciano Bolsonaro querem que a democracia se foda – para usar a expressão da própria horda).

E, claro, tenho de citar um último exemplo de imitação babaca que mobiliza os carolas: pelo que vejo, “conservador” por aqui tem de usar cachimbo. E por que essa adesão a um hábito tão exótico? Essa é fácil. Nossos “pensadores” da direita alagoana recorreram ao fumacê das cachimbadas porque este é um vício do aloprado Olavo de Carvalho. São os Ideólogos da Tabacaria de Jesus!

Depois do grunhido autoritário e golpista do general Augusto Heleno, a falange de Bolsonaro em Alagoas se animou na convocação para o ato contra o Brasil democrático. Os doentinhos da cabeça estão espalhando a “arte” do evento, com aquele imperativo que prega o fechamento do Congresso Nacional. As intenções e as palavras dos fanáticos, tenho de reiterar, mandam o parlamento se foder.

Em Maceió, a turma que revira as tripas de raiva quando uma doméstica vai a Disney escolheu, mais uma vez, o Corredor Vera Arruda para a concentração do bloco miliciano. Fica na Jatiúca. É a “área nobre” da nossa capital fazendo justiça aos valores da maioria de seus condôminos. O evento também serve de palanque para rastaqueras aspirantes a vereador. É a “nova política” em ação.

Porque estamos, apesar de tudo, numa democracia, qualquer um pode ir tranquilamente às ruas vender seu peixe – ainda que isso signifique um claro incentivo à degradação da... democracia. É de estarrecer: depois de uma ditadura sanguinolenta que torturou e matou, ver o “povo na rua” exigindo fechar o Congresso, para dar carta branca à porcaria de um populista, parece até ficção mequetrefe.

Bolsonaro governa movido pelo ressentimento. Ofende e agride o tempo todo porque não tem projeto para o país – a não ser garantir o “filé mignon” a sua gang familiar. Para levar adiante suas ambições, precisa desesperadamente de uma manada obediente, adestrada para, sempre que necessário, sair à rua na defesa do chefão. A direita alagoense afia os cascos pra galopar a avenida.

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