O Globo: com ajuste nas contas, governo de Alagoas lidera em investimento público

25/02/2020 02:56 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Alagoas no noticiário nacional é problema. Quando as manchetes da imprensa brasileira se voltam para cá, ou é denúncia de corrupção ou é tragédia natural, como as chuvas que destroem cidades e matam pessoas. É assim desde os tempos do Cangaço e dos coronéis. Não desta vez. O jornal O Globo dá amplo destaque ao que se passa por essas bandas – e o assunto são os avanços no investimento público por parte do governo estadual. A reportagem mostra que o Nordeste dá exemplo na gestão das finanças.

Desde que assumiu o governo, em 2015, Renan Filho de fato gosta de se gabar quanto ao quesito “responsabilidade fiscal”. Nesse caso, os números do estado dão razão ao governador. Como explica o texto de O Globo, com as medidas de ajuste, a partir de ações que zelam pela austeridade, há mais dinheiro disponível para se investir nas áreas essenciais, como educação, saúde e segurança.

Embora haja uma gritaria entre adversários do governo, a reforma previdenciária levada a cabo pela gestão alagoana – cumprindo regras estabelecidas no projeto nacional – também fortalece a capacidade para novos investimentos. Grupos empresariais decidem abrir negócios em ambientes de rigor e equilíbrio nas contas estatais. Investidores fogem de cenários de farra fiscal.

Primeiro, a reportagem me chama atenção porque é produto de levantamento meticuloso, com dados oficiais, comparações entre estados e fontes seguras, como o Ipea. Além disso, é um relato isento, que não pode ser “acusado” de propaganda do governo. O diagnóstico, amplamente favorável ao trabalho de Renan Filho, tem assinatura de fora de Alagoas. Reproduzo trechos da reportagem:

1.Dos dez estados que mais investem no país, cinco são do Nordeste, segundo dados de Claudio Hamilton Santos, coordenador de Políticas Macroeconômicas do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada], que vem acompanhando as finanças estaduais. Ceará e Alagoas despontam na primeira posição, destinando 8,8% e 8,5% de suas receitas ao investimento público.

2. Em geral, os estados do Nordeste estão indo melhor que os do centro-sul e do Sudeste em particular (nas contas públicas). Bahia, Ceará e Alagoas são mais bem geridos, diz Santos, do Ipea. (A velha guerra fiscal entre os estados é um desses temas que o país nunca resolve. Os debates acabam sempre em troca de acusações. No panorama atual, porém, há meios limpos para avançar).

3. Fábio Klein, economista da Tendências Consultoria, afirma que Alagoas, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte têm nota fiscal (que combina endividamento, poupança, liquidez, resultado primário e despesa com pessoal) acima da média nacional. O endividamento baixo da região ajuda nos outros fatores. (Os governadores do Nordeste criaram uma articulação como nunca houve).

4. Nenhum dos nove estados do Nordeste tem classificação fiscal baixa no Tesouro Nacional. Três dos sete estados de Sul e sudeste têm nota D. Só o Espírito Santo tem nota A. Alagoas, que tem nota B, é um exemplo desse avanço. George Santoro, secretário de Fazenda, diz que as verbas de custeio estão no mesmo patamar que em 2014, menos em educação, saúde e segurança pública.

5. A situação mais confortável permitiu ampliar investimentos públicos. No ano passado, foram 600 milhões de reais. Este ano, a previsão do governo alagoano, do MDB, é destinar 700 milhões para obras como duplicação de estradas e construção de cinco hospitais. (O quadro destoa do que houve no estado nas gestões anteriores. De intervenção à renúncia de governador, teve de tudo).

Termino com um gancho na política. A julgar por algumas narrativas na imprensa alagoana, notadamente na Gazeta, o governo atual é o pior desde a emancipação de Pernambuco. Problema é o que não falta, sim, mas o quadro está longe dessa calamidade gazeteana. Mas se o jornalismo é tratado politicamente, então O Globo acaba de presentear Renan Filho com uma grande notícia.

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