A moça me falou, escrevi e cumpro com a promessa de manter o anonimato dela. Vai lendo...

Às vezes eu olhava os muitos homens que passavam nas ruas e ficava romantizando que um deles poderia ser meu pai. Minha mãe nunca soube quem era meu pai, nem eu.
Cresci sozinha, solta no mundo.
Minha mãe tinha mais um monte de filhos, meus irmãos.
Eu e eles éramos explorados  para mendingar nas ruas, nos sinais de trânsito.
Bem pequena já sentia os olhares dos homens, meninas de rua são presas fáceis. Eu dizia isso à minha mãe e ela ria, com a boca aberta mostrando as falta de dentes.
Mesmo maltratada pelo tempo de todos os abandonos ,ainda dava pra ver sinais de beleza nela. O sorriso, por exemplo, era belo. Mesmo com a falta de alguns dentes.
Mas, ela não tinha amor pela gente. Era uma mulher parideira de filhos sem pai. Tinha aspereza nos gestos.
A sorte foi que minha mãe morreu, porque  fui adotada por uma mulher que  fez de tudo pra ser uma mãe.
Se minha mãe fosse viva, talvez, não fosse a pessoa que sou hoje.
Eu seria perdida na vida. Teria me acostumado a ficar nas esquinas vendendo o corpo, como minha mãe fazia.
Minha mãe se prostituiu desde que a conheci, até morrer.
Foi bom ela ter morrido, pois encontrei outra mãe que me trata como filha.
De verdade.
Dos morreu dos meus irmãos nunca mais tive notícias. Também não procurei. Tenho medo de despertar o passado enterrado com minha mãe.
The End!