Na disputa pela prefeitura de Maceió, temos caciques, velhas “novidades” e decadentes

13/02/2020 18:56 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
Image

1. Até um dia desses, especular a filiação de Rui Palmeira (foto) ao PSL seria coisa de maluco. Depois de ser eleito prefeito de Maceió, ele se tornou a principal liderança do PSDB. Antes, a estrela maior era Teotonio Vilela Filho – até completar os dois mandatos como governador e praticamente sumir da vida pública. Com a imagem desgastada ao fim da gestão, Vilela preferiu não disputar uma vaga no parlamento. O ex-governador e ex-senador perdeu o protagonismo sobre os rumos do tucanato alagoano.

2. O PSL é o partido que foi alugado por Bolsonaro para a eleição de 2018. Como se sabe, o presidente deu uma rasteira na turma e caiu fora. A legenda é um amontoado de gente da pior categoria. Em Alagoas, o deputado Cabo Bebeto, eleito na onda medieval da “nova política”, decidiu seguir o capitão e, fiel ao líder da seita, trabalha na formação do Aliança, o novo partido da gang.

3. Rui está em situação quase vexatória no PSDB. Em poucos anos, ele foi de chefe da sigla a coadjuvante de Rodrigo Cunha – o rapaz que se elegeu deputado estadual e senador na garupa de uma tragédia pessoal. E nada mais que isso. Palmeira deixará um legado pífio dos seus oito anos como prefeito. É melancólico que, a esta altura, “Nova Maceió” seja o slogan na propaganda oficial.

4. A turma de aliados de Rui Palmeira também não ajuda muito. Um dos principais parceiros do prefeito é o ex-deputado Thomaz Nonô. Dono da Secretaria Municipal de Saúde, o ex-cacique hoje é uma sombra do que já foi na política alagoana. Nem precisava, mas Nonô deu prova definitiva de sua decadência ao abraçar o bolsonarismo com euforia constrangedora. Não tem voto pra vereador.

5. A cada dia, aumenta o suspense sobre o destino político do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. O anúncio de sua candidatura a prefeito de Maceió é esperado como fator de peso na eleição deste ano. Assediado por gente que reza na cartilha de Bolsonaro, deve escolher afinal qual o perfil de aliados que prefere. O mais provável é se candidatar com apoio do MDB.

6. Caso confirme a hipótese de se juntar ao MDB, Alfredo Gaspar terá o forte apoio do governador Renan Filho. Falta, porém, escolher um partido para se filiar. Nos últimos dias, o chefe do Ministério Público manteve silêncio sobre tal escolha. É o que tem feito desde sempre, levando ao limite os prazos da Justiça Eleitoral. Lembro que essa é a postura pública. Nos bastidores, é outra coisa.

7. Ronaldo Lessa corre por fora e, por enquanto, sua candidatura a prefeito de Maceió tem mais problemas do que certezas. O ex-governador é outro que já viveu dias gloriosos em sua trajetória, mas hoje está mais parecido com Nonô e Téo Vilela, na raia da irrelevância política. O namoro com Heloisa Helena tem muito de fumaça e quase nada de projeto concreto. Nem amigos levam fé.

8. Cícero Almeida ciscou como candidato – depois de governar a capital por dois mandatos –, mas isso é quase ficção científica. É um nome incapaz de formar um grupo com condições de se impor como uma força de respeito. Almeida virou prefeito sob as ordens da cacicada – e daí nunca conseguiu brilho próprio. Nas últimas eleições foi derrotado ao tentar vaga na Assembleia Legislativa.

9. Por falar em Assembleia, é difícil encontrar naquela casa alguma frente (um nome que seja) qualificada para influir na disputa pela prefeitura da capital. Há sim alguns valentões de larga experiência com o jogo do baixo clero. Mas isso resolve as demandas paroquiais de Suas Excelências. Nada além disso. Envergadura para ditar rumos no xadrez decisivo da política, aí não.

10. Quando o Carnaval passar, podemos ter um quadro mais definido. Especula-se que em março Alfredo Gaspar de Mendonça finalmente revele seu destino rumo às urnas. Aí veremos como todos os grupos vão se movimentar. Hoje, como está claro, há nomes de sobra que se apresentam como virtuais candidatos. Na vida real, não cabe todo mundo, é evidente. E nem falei em Fernando Collor.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..