Os tambores, na Maceió, capital das Alagoas de Palmares ainda ressoam bem baixinho, quase inaudíveis quando o tema é o genocídio da juventude preta.
Genocídio não é só a morte física. É o silenciar dos valores, da cultura de pret@s reinterpretada nas salas de aula.
As escolas municipais, como as estaduais, empacaram, com o conivente silenciamento da sociedade civil, na implementação da política antirracista da Lei nº 10.639/03.
Não há tambores ecoando no crescer de meninos e meninas, entretanto o assassinato da história prossegue, com a prática insidiosa de negativar a cultura de pret@s.
Racismo internalizado.
Institucionalizado.
A morte física da juventude preta ( meninos e meninas) tem número crescente na capital turística, entretanto os ouvidos ( seja a escuta da sociedade civil ou governos ) para as balas perdidas, que tem alvo certeiro, são surdas,abafadas, silenciadas.
O Quebra de Xangô, a diáspora religiosa da gente do santo, deveria ser um ato de resistência.
Ano após anos os terreiros continuam sendo empredados pela intolerância de muit@s e tant@s.
Ano após anos as doenças prevalecentes da população negra continuam matando pret@s.
O Quebra de Xangô é uma carta de compromissos escrita a muitas mãos pelo bem coletivo.
O racismo adoece.O racismo mata.
O quebra de Xangô deve fazer barulho nas ruas,( NÃO COMO FOLIA OU ALEGORIA DE CARNAVAL) mas, principalmente nas políticas públicas para afirmação do povo preto das Alagoas.
O Quebra de Xangô é sobre a Yalorixá Tia Marcelina, nossa preta ancestral que foi golpeada pela milicia armada, com golpes de sabre na cabeça, mas, mesmo sangrando, encarou homens brancos, parrudos no poder.
– Bate moleque, arrebenta braço, arrebenta cabeça, mas não tira saber!
Resistência. Resiliência.
A yalorixá Tia Marcelina travou uma luta contra a milícia armada, e e nós pret@s lutamos contra nós, mesm@s?
02 de fevereiro, Quebra de 1912.